domingo, 12 de dezembro de 2010

FILME: A Rede Social, a história do Facebook

“O Conselho Nacional de Críticos de Cinema, um grupo norte-americano de profissionais e observadores do cinema, deu o prêmio de melhor diretor a David Fincher, criador de "A Rede Social", e o de melhor ator para Jesse Eisenberg, que representa Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook.”

Fui ver ontem na sala VIP do cinema Cidade Jardim. Sei que é mais caro, mas é um tremendo prazer assistir a um filme de quase 3 horas sentado confortavelmente em uma poltrona digna do preço.

rs1O filme é de fato sensacional. Dirigido majestosamente por David Fincher, um diretor que chamou minha atenção com ótimo CLUBE DA LUTA, David Fincher conseguiu colocar na tela não o bem contra o mal, encarnado pelo fundador do Facebook; mas as idiossincrasias do mundo empresarial que em sua gênese é motivado por interesses, nem sempre claros para todas as partes.

Jesse Eisenberg, como visto acima, está excelente no papel. Realmente não dá para saber se a interpretação de Zuckerberg veio da cabeça dele ou do que o próprio vem mostrando (pouco por sinal, pois sua palestras são um horror e seu carisma é próximo ao que o filme mostra, isto é zero), mas pelo filme, entende-se que Zuckerberg é mais ou menos um debilóide funcional, tipo Rain Man. Um gênio da informática, mas absolutamente incompetente para a maioria das outras tarefas, sociais ou não.

Sua debilidade social é mostrada desde o relacionamento com a ex-namorada, na forma como lida com seu primeiro sócio investidor, o Brasileiro Eduardo Saverin (Wardo),  até a forma como se encanta pelo fundador do Napster, Sean Parker; um falido pelas gravadoras, neurótico e bem relacionado-carismático que torna-se meio que o alter ego de Zuckerberg. Até seu envolvimento com drogas aparecer e destruir sua pseudo-imagem de santo.

O filme tem um ritmo alucinante mostrando que o sucesso do Facebook, como a maioria dos casos da internet, é algo mais voltado a sorte ou intuição do que um plano estratégico bem elaborado; algo que os investidores de VC tanto adoram. E que tenho repetido incansavelmente que “não é por aí !”.

De fato, o site gerador, HarvardConnection, dos irmãos WinkleVoss não era nem o dedo mindinho do que foi criado pelo Facebook, mas certamente o embrião estava lá: a exclusividade dos grupos que nem todos podem participar.

Não sou a favor de gente que tem idéias incompletas terem algum mérito sobre empresas que as usaram como base de algo muito maior.

Idéias, em suas diversas formas, não são nada mais do que aspirações e visões muitas vezes sem qualquer aplicação prática. A implementação traz desafios que transformam tais idéias, deixando-as com cara de negócios. No final, o esboço não é nada mais do que isto, um esboço. E por isto, deve valer como tal. Quase nada. Como diria Pablo Picasso, “os inteligentes criam. Os gênios, copiam”

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Claro que como a maioria das pessoas peca justamente na capacidade de implementação, é notório que a grande massa dê muito mais valor a idéias do que às empresas que as usaram. Na minha visão este é um caso típico de pressão do mais fraco para que haja valor em algo que de fato, carece dele. É um tipo de socialismo quando se percebemos que 99% do sucesso de um negócio é sua implementação.

O filme mostra bem isto. Saverin, muito bem interepretado pelo americano Andrew Garfield, que possui aquela veia de empreededor que quer monetizar logo o site, e foi o dínamo que começou a girar a roda do Facebook. Se não foi pelo modelo de propagandas que ele queria implementar, foi pela iniciativa de fazer algo, ir além de um site em um campus e fazer uma empresa.

Para quem não sabe, Garfield é aquele ator fenomenal que no filme Leões e Cordeiros, com Tom Cruise, Robert Redford e Meryl Streep, teve uma conversa excelente intremeiando o filme, com o professor Robert Redford, sobre a atuação das pessoas na sociedade e suas responsabilidades sobre a atuação dos governantes. Esta conversa entre eles inclsuive, vale o filme.

rs3Foi Wardo que gerou toda a insegurança de Zuckerberg, aumentando sua ira pela pró-atividade do sócio e a necessidade fazer algo.

Pelo filme, Mark era meio imóvel quanto a tomada de decisão. Para falar a verdade ele era meio imóvel quanto a qualquer atitude que pudesse ser cobrada dele a posteriori.

Se movia motivado emicionalmente pelos que tinham o que ele não tinha, influência e carirma. Ia mais pelos “belos olhos” do que por uma estratégia e era levado ao invés de levar. Claro, seu caráter era fluído, meio amoral, pois como não se responsabilizava por nada, tinha a falsa idéia de estar isento da culpa. Item este muito bem mostrado pela forma como lida com as arguições jurídicas de quem o prejudicou. Como de fato acontece, ele se vê como vítima, um incompreendido.

Por sinal, uma cena curta do filme mas excelente, é a forma como Larry Summers, reconehcido gênio acadêmico e na época reitor de Harvard lidou com o problema levado pelos irmãos WinkleVoss. Além de escroto, foi de uma miopia ímpar e de novo, escondeu-se atrás do cargo que ocupava.

Saverin foi o cérebro implementador, que colocou dinheiro e foi buscá-lo de volta. Garfield está espetacular no papel. Claro que o FB andou mais rápido que sua estratégia, mas alguém tinha que fazer algo, que testar o mercado e colocar a cara para bater. E foi ele que fez isto. Tem um valor tão grande e até maior do que Zuckerberg, pois teve a coragem se responsabilizar e de tomar o risco.

A forma como Zuckerberg o dispensa é fenomenal, pela sua cara de pau, e ao mesmo tempo infantil e patética: trazer um investidor e diluir somente a parte de Eduardo é algo tão básico e raso que ele deveria ter vergonha de ter feito. Qualquer um poderia provar que houve fraude. Como de fato foi.

Este é um filme que vale entrar para minha filmoteca. O verei de novo e de novo, sem cansar.

A dinâmica empresarial é complexa, dúbia e reveladora da psiqué do ser humano. E a história do Facebook, apesar de glamurosa pela sua velocidade, não é diferente das de outras empresas e grandes organizações. É um filme que deve ser analisado e passado em escolas de administração de empresa, pois certamente é melhor que uma aula inócua de marketing ou de RH.

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