domingo, 18 de maio de 2014

Economia Colaborativa

Há um bom tempo não lia algo tão interessante como o desenvolvimento desta tal economia colaborativa. Quando não somente produtos e consumidores fazem parte, mas quando consumidores entre consumidores começam a usar seus bens e serviços comprados de produtores para fazer negócios entre eles. Não necessariamente usando recursos financeiros, mas também trocando por bem e serviços cujo valor absoluto - aquele que estamos acostumados quando compramos qualquer produto - é trocado pelo valor relativo que cada um dá ao que possui ou ao que deseja.

O site TED tem algumas palestras interessantes sobre o tema, mas a que me chamou mais atenção foi do Jeremy Rifkin que vi semana passada, mostrando como este tipo de iniciativa está mudando a forma como a economia se organiza.



Certamente não por coincidência, na Exame desta semana saiu uma matéria exatamente sobre o mesmo assunto mostrando como a prefeitura de Seul está mudando o conceito de TER, pelo de COMPARTILHAR, permitindo que diversas salas publicas possam ser alugadas para se fazer reunião, carros possam ser usados alugando-se por dia e estacionamentos, ou vagas vazias para automóveis, podem ser alugadas por períodos de necessidade, não com tarifas mensais, mas por hora. Mais interessante do que isto é quem está promovendo este tipo de mudança na forma que a pessoas acumulam bens e serviços: a própria prefeitura. Seul é uma cidade de 10 milhões de habitantes que certamente possui os mesmos problemas que São Paulo. Assim como várias capitais do mundo.

Estou agora assistindo outra palestra do TED, de uma mulher chamada Rachel Botsman também sobre lidar com a questão do excesso de bens e produtos em uma sociedade que talvez usar comece a ser mais importante do que ter. Este é o link para o livro dela na Amazon, que claro, já comprei ... mas para o Kindle.




E sinceramente, na minha visão, este tipo de mudança na forma de ver bens duráveis é revolucionária. Afinal, por que temos um carro se o usamos somente para ir até o trabalho e voltar? Meu carro fica o dia todo na garagem. Ele não poderia estar sendo usado por outra pessoa que precise também do carro o dia todo ?  Sei que é difícil conceber algo assim em um país como o Brasil afinal, neste exemplo específico o carro ia ser roubado ! Mas pense em CD´s e DVD´s. Por que os compramos ?

A mesma lógica se aplica a brinquedos de crianças pequenas, que quando crescem (e crescem rápido) não os querem mais. Brinquedos que foram usados 10 vezes no máximo são descartados novos ou doados para instituições de caridade. Ficamos com aquela sensação de que fizemos o bem para o próximo e para as criancinhas carentes, mas na prática é uma alívio pois tiramos aquele trambolho de dentro de casa. Mas a prática do ato pode ser replicada em montes de outras coisas que nunca nos demos conta até agora. Por que agora?

Quando a internet começou o problema era que não confiávamos na rede. Ter um sistema SAS - ou como dizem hoje, na nuvem - , era algo impossível, pois as empresas não conseguiam conceber ter seus dados em qualquer lugar diferente de seus próprios servidores. Esta neura foi acabando com o tempo e hoje queremos mais é que os dados fiquem longe dos custos fixos gerados para nossas empresas. Sistemas como Sales Force que controlam toda a área de vendas - tem informação mais fundamental que esta em uma empresa ? -  é todo na nuvem !! E ninguém se pergunta se seu concorrente verá seus leads comerciais ou seus clientes.

Depois a questão passou a de pessoas confiando em pessoas afinal, o que me garante que o DVD do Fernando não está quebrado ou riscado ? Apesar de esta preocupação ainda existir, os sites de leilão com o ebay mostraram que a confiança entre fazer negócios entre pessoas é mais um processo, uma barreira, que precisa ser quebrada do que um problema estrutural. Os sistemas de avaliação ajudaram bastante nisto. Fazer sistemas que aumentam a transparência das transações foi um degrau importante para que os negócios entre pessoas fosse disseminado.

Até que surgiu o Napster, que mudou a indústria da musica de uma vez por todas. Não precisávamos mais comprar de uma empresa as músicas que queríamos ouvir, mas simplesmente pegá-las do computador de um cara nos EUA, que por sua vez tinha pegado de uma cara da Alemanha, fazendo um linha quase infinita de compartilhamento chamada na prática de P2P, ou peer-to-peer.

Este sistema tinha o problema do incentivo para a produção de conteúdo original, claro. Afinal o artista vai viver de fama somente ? Alguns críticos, eu entre eles, dizem que que com a disseminação da cultura por redes os artistas vão viver de fazer shows a um publico exponencialmente maior que seu publico anterior e vender merchandising. E isto os irá sustentar, e não mais a venda de CD´s. Na prática é mais ou menos como preferir vender 1 MM de CD´s ou fazer 300 shows por ano para 50MM de pessoas. Mas a indústria conseguiu por um fim no Napster, pois a venda de mídia ia acabar com os estúdios e não com os artistas.

Não demorou muito para que mais uma vez houvesse uma solução melhor: streaming. Com as redes de dados aumentando suas velocidades exponencialmente, o custo do armazenamento de informações reduzindo o preço por megabyte na mesma velocidade, o desenvolvimento da musica colaborativa entrou no espectro e sem dúvida é uma solução ótima.

Quando as gravadoras acabaram com o Napster, veio  Itunes e os Ipods da Apple onde as músicas eram compradas e armazenadas em suas caixinhas de muita memória. Era possível ouvir milhões de musicas, mas o fato é que regredimos na questão de compartilhamento, uma questão que o Napster de Shaw Fanning levantou lá atrás. A questão não é somente a quantidade, mas o valor delas. Andamos para trás e ainda demos um poder gigantesco à Apple que virou a maior loja de musicas do mundo. Sim, foi uma revolução, pois acabou com as megastores com a Virgin, mas não estou sendo 100% justo aqui. Evoluíamos na questão da mídia. Paramos de comprar CD´s, para comprarmos conteúdo. E este foi o primeiro passo para o que temos hoje em termos de colaboração.

De fato não precisamos de CD´s !! Nem de livros !! Apesar de eu adorar tê-los e ter uma biblioteca considerável, o que me interessa é o conteúdo deles. E o conteúdo não é um bem físico, não toma espaço no mundo, somente megabytes na minha cabeça. E quando compramos um destes bens, usamos, lemos, ouvimos e tudo aquilo já ficou guardado. Por que precisamos da mídia em si, do meio físico ? E se pudéssemos dispor deles quando quiséssemos revisitar uma obra ? Isto é o streaming.

No Deezer, pagamos um miséria por mês e temos acesso a um acervo de mais 10 milhões de musicas para ouvirmos onde quisermos. Contanto que haja uma rede de alta velocidade no lugar - algo cada vez mais comum. Não estou sendo um profeta quando digo para meus amigos que a era do Ipod já foi. Não precisamos mais guardar músicas, somente ouvi-las. Não precisamos mais ter livros, somente lê-los em nossas maquininhas de leitura, que ocupam o bolso de trás do jeans.

A economia colaborativa permite então que toda a parte física do processo comercial onde ter o bem faz parte do sentimento de sentir-se dono, tende a se tornar obsoleto. Não precisamos ter o bem, somente usufruir dele quando precisamos e ainda temos o sentimento de posse, mas do conteúdo, não do bem ! Imaginem a economia de matéria-prima que este tipo de mudança pode gerar. Muito mais do que qualquer ação ecológica. Simplesmente não precisamos comprar nada que não seja completamente consumível.

Acho a ideia sensacional e o potencial de destruir criativamente a economia que vemos hoje é imenso. O Airbnb, que aluga quartos de pessoas que tenham disponibilidade, fez o ano passado o setor hoteleiro de NY perder 1 MM de diárias.

E os desafios não param por aí. Como o Estado cobra impostos de algo que não pertence ao fluxo natural de negócios ? Se quero alugar meu carro que fica o dia todo na garagem para uma outra pessoa que irá usá-lo o dia todo, como o governo iguala esta transação ao de aluguel formal de carro feito pela Localiza ? Se algo assim se desenvolve, o poder deflacionário é ainda mais intenso, pois certamente o custo de eu alugar meu carro será muito menor do que o da Localiza. Se possuo um grupo de 10 pessoas que confiam em mim e eu confio que elas não quebrarão meu carro, a Localiza perdeu potencialmente 10 clientes, bem como as montadoras de carro. Imagine isto em proporção geométrica.

A palavra de ordem para algo como isto acontecer é a confiança entre as partes. E esta confiança que no inicio da internet não existia nem entre empresas, está mudando rápido o comportamento das pessoas. E confiança tem a ver com responsabilidade. Que tem a ver com educação.

Estamos voltando ao que sempre fizemos quando o capitalismo começou, mas agora auxiliados por ferramentas que nos auxiliam a entender com quem estamos fazendo negócios. A nossa reputação, e não somente quanto temos em nossa conta corrente, é que vai fazer a economia colaborativa funcionar.Seremos avaliados por sermos mais ou menos confiáveis em nossas relações de troca. E vejam que hoje, quando pesquisamos algo no Google, nada disto sai quando pesquisamos o nome de alguém, ou seja, este tipo de percepção ainda é pouco difundido. Em breve, quando colocarmos o meu nome ou o seu no Google, uma parte da resposta será sobre quão confiável somos atra´ves de nossa reputação em redes sociais de comércio peer-to-peer. E isto, porque ainda nem falei dos bancos e a intermediação financeira. Será que precisamos dos bancos para emprestar dinheiro para pequenas empresas e pessoas ? E se tivéssemos o mesmo nível de informação ?

É algo muito revolucionário. É estrondosamente disruptiva uma mudança neste tipo de relação entre as pessoas e que certamente vai mudar como nos relacionamos entre nós, com dinheiro e com os bens que possuímos.

domingo, 9 de março de 2014

Mulheres e seus dias

Não entendo bem qual foi o grande feito das feministas, que tanto se vangloriam de terem conseguido liberdades no ambiente de trabalho e uma relação mais igualitária com homens; que acabaram ficando despersonalizados com esta força feminina criada à partir dos ano 60. Li semana passada uma entrevista incrivel na revista Veja da Camille Paglia, sociologa italo-americana que colocou com todas as letras que vendo a revolução feminista hoje em dia, pode dizer com bastante certeza que sua conterrâneas "deram com a cara na parede" pois pensaram que ficariam felizes, mas pasmem !! não estão. E agora ? 

Achei uma ótima metáfora, pois sem querer ser machista é o que vejo em muitos casos. Esta falsa idéia de que mulheres devem ser iguais aos homens leva a algumas distorções biológicas que, como efeito colateral, impactam na felicidade das mulheres e sua capacidade de manter um nucleo familiar funcional. E funcional neste caso não é algo estático, mas algo que funcione mesmo ao longo e durante anos, ou seja, até os filhos terem sido forjados e terem virado seres humanos melhores do que seus progenitores. 

Não acho que a mulher seja igual ao homem. Sem usar chavões mas precisando me ater a um pelo menos, o lado emocional da mulher é muito mais desenvolvido que o do sexo oposto, e seu lado racional, por conseguinte, é mais influencido por este lado desenvolvido causando severas questões no ambiente de trabalho. E o fato da área de Recursos Humanso estar recheada de mulheres gera um certo viés tanto na escolha dos profissionais, quanto na capacidade de analise de como certos conflitos devem ser tratados. 

Eu, particularmente, nunca gostei de trabalhar com mulheres em alta patente na cadeia de comando. São emocionais demais, ficam de birra, tem o péssimo hábito de fazerem conchavos, futricas, escolher amizades e grupos de aptidão. Além disso, nao possuem a frieza necessária para tocar os negócios e tomar decisões frias em momentos quentes. Na grande maioria das vezes, estão longe de serem reptilianas como os homens nas mesmas posições, tendo suas reações na mesma temperatura que o ambiente que as cerca. Não tem como achar isto bom. E o pior é que dizer isto no ambiente de trabalho vai contra os politicamente corretos que ao invés de analisarem friamente decisão por decisao retiram este tema da pauta sob o pretexto de machismo, segregação, "ódios às mulheres" e mesmo homossexualismo enrustido. Ou seja, uma briga difícil de vencer e por isto, elas ou não chegam lá, ou quando chegam, vão ficando. 

Claro que existem exceções. Mas no caminho para encontrá-las vemos também muita hipocrisia e auto-proteção forjada a ferro e fogo para conseguirem competir. Mulheres masculinizadas, mandonas e que perdem o equilibrio facilmente não são exceções, mas regras muito vistas nos ambientes de trabalho. Com a diferença que quando um homem entra em atrito, discute-se e os problemas são resolvidos. As mulheres apelam para o sexismo, machismo, falta de educação, compustura e por aí vai. Ou seja, dificilmente é possível ter uma relação dura e madura com uma mulher em posição de comando. Elas sentem raiva e a carregam por anos, nao existe o "não levar para o lado pessoal", pois tudo é intimo, pessoal, emotivo, intenso. Se considerarmos que às vezes problemas acontecem em períodos de TPM, qualquer gota de café no carpete por virar um grande problema ambiental. 

Não digo que nao existem boas executivas. Digo somente que são raras as que conseguem sublimar suas emoções na hora certa e ao mesmo tempo manterem-se femininas como devem ser. Não queremos ter homens de saia trabalhando conosco, mas mulheres que saibam acima de tudo se controlar quando é necessário. E é exatamente neste item é que estão os maiores desafios. 

Não existe dúvida sobre o bem que mulheres fazem ao ambiente de trabalho. Começando pelo fato de que os homens ficam mais humanos, sensíveis e preocupados quando existem mulheres por perto, o que já é um ganho considerável. E falo isto com um pouco de conhecimento de causa, pois até a sexta serie estudei somente em classes de homens. Bem naquele inicio de puberdade posso afirmar que era um horror. Homens juntos são quase animais enjaulados. Só verem como funcionam as torcidas uniformizadas. 

A questão é que colocar mulheres no ambiente de trabalho não garante que sejam boas e competentes no que fazem, somente por serem mulheres. E isto vale também para casa e para a família. Homens sensíveis que cuidam dos filhos, da casa, cozinham e trocam fraldas são uma fofura pos-moderna, mas posso colocar meu pescoço na reta se algum deles se sentir realizado com isto. Fazem por que precisam, para evitar discussões infinitas. Claro que dizer isto em público pode acabar com vários casamentos, mas mulheres muito cheias de serem iguais aos homens estão de fato transformando-os em bananas de pijamas. E isto é que Camille Paglia fala em seu texto na Veja. 

O efeito disto é que por mais iguais que sejam, nao são tão iguais assim. E na hora que a situação aperta, elas continuam querendo um homem com cara de homem, postura de homem, mao de homem e por ai vai. Fico pensando se estes metrossexuais de fato ficam casados com alguém, pois a competição pelos cremes com uma mulher não tem como ser saudável. Ficar se olhando em cada espelho que passa para ver se o cabelo está bom e se o terno cai bem na bunda, também não é algo que uma mulher se sinta atraída, me parece. Claro que o oposto disto não é ser porco. Mas a linha que divide não pode ser tão tênue.

Acredito que estamos voltando um pouco no tempo nesta questão de mulher-homem. Tenho conhecido várias mulheres que falam com a boca cheia que gostam de cuidar da casa e da familia, que procuram trabalhar menos pois tem outros objetivos além de serem CEO´s de uma grande empresa e que de fato, ter um casamento bacana é sim um objetivo válido. Há alguns anos isto seria um demérito, mas nao vejo assim hoje. Acho tão válido quanto querer trabalhar e nao ter filhos, te-los, trabalhar menos e cuidar da familia. Afinal, posso estar enganado, mas minha experiência até agora me mostra que o esteio da familia ainda é a mulher. Aquela que junta as peças, faz a estrutura funcionar e garante que os gens do macho sejam primeiramente seus mesmo (pq o homem nao tem como garantir que a prole é sua mesmo - é para isto que serviu o casamento monogâmico então ?) e depois que seu legado será passado para futuras gerações. SE existe alguma forma de imortalidade, ela está nos filhos, que são carregados e criados pelas mulheres. 

Trocar isto por uma mesa de trabalho 8 horas por dia, um vale refeição e um cargo bonitinho no cartão nao me parece ser sufiente para deixar uma mulher feliz. E o texto de Camille Paglia fala exatamente sobre esta distorção biológica causada pela queima de sutiãs na década de 60. Esta rotulação  de machismo e feminismo na prática, parece-me algo bastante fora de moda. Não vejo uma dicotomia tão profunda que exija uma separação substantiva como esta. Porém, achar que ambos são iguais é o oposto exato e um exagero negativo que nao vejo trazer benefícios para nenhum dos lados. 

Vamos pensar da seguinte forma então: homens são homens e mulheres são mulheres. Possuem estruturas hormonais diferentes, interpetações de mundo diferentes e formas de interagir, sentir, explicar e analisar situações diferentes. Por isto devem ter tratamentos diferentes tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Sem rótulos, assim podemos analisar profundamente cada aspecto separadamente e tomar a melhor decisão. Uma depois da outra. Melhor assim, não ?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Casamento e religião

Existe um bom motivo para eu ter parado de atualizar meu blog. Meus posts no Facebook tem sido muito mais interessantes, resumidos em termos de pensamento e geralmente com alguma matéria ou vídeo anexado. Do jeito que o FB se comporta para quem gosta de usá-lo como meio de informação, o Blog perdeu um pouco o sentido de existir. 

Claro que isto nao é aplicável em todos os casos e mesmo para qualquer tipo de tema. Ainda existem existem Blogs interessantes de pessoas que regularmente escrevem e opinam de forma inteligente neste mundo. Textos mais longos entretanto são cada vez mais raros. Eu costumava seguir alguns blogs mas que com o tempo ficaram desinteressantes. O que é normal, afinal, haja assunto recorrente para fazer qualquer tipo de registro ficar interessante. SE as revistas e diários possuem um monte de gente para fazer isto e mesmo assim só se vê porcaria na grande parte dos jornais, imagine você sozinho querendo fazer um blog. As probabilidades certamente estão contra nós. 

Mas neste caso é algo um pouco diferente, pois o objetivo não é ganhar dinheiro com isto ou ficar famoso, mas simplesmente relatar, ter histórico  para que no futuro eu lembre quem eu era. Posso dizer que nos ultimos 2 anos, se alguém olhou para este meu registro, ficou frustrado. Nada de quem sou ou o que fiz. Nada de nada, para ser bem honesto.

E o que isto tem a ver com o título do post ? Nada. Digamos que foi liberdade poética. 

Para falar a verdade quando comecei a escrever perdi a vontade de fazê-lo relacionado ao título. Não quero falar de casamento e muito menos de religião. Apesar que uma coisa vale a pena dizer sobre o segundo: foi lançado um livro sobre o Jesus histórico e nao bíblico, chamado Zelot eu acho, que deve ser animal. Vi uma materia gravada com seu autor na globonews e gostei muito. Um muçulmano, estudioso das religiões, que mora na California. Super eclético e diferente. Por isto mesmo que o livro deve ser interessante. 

Não preciso dizer que minha biblioteca de casa, que costumava ser um repositório dos livros que eu compro e estão na fila de leitura, não cabe mais um livro sequer. Vou lendo e levando pro escritório, mas a quantidade de livros comprados suplante em muito a quantidade e velocidade de livros lidos. Não vejo esta situação ser revertida no espaço curto de tempo a nao ser que eu pare de comprar livros, o que certamente nao é caso. 

Desta forma, ficamos assim. Não vou falar sobre o tema descrito no título deste post, não vou parar de comprar livros e não vou lê-los mais rapidamente do que venho fazendo. Desta forma, minha biblioteca continuará abarrotada de livros não lidos ainda, e sempre faltando espaço para os livros que estão a caminho. É a vida. 

 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Férias

Existem questões com relação ao trabalho que são difíceis de explicar. Uma delas é a definição e necessidade de férias. 

Não é segredo que o bom trabalho, aquele que nos complementa, que nos coloca no lugar do mundo que parece pertencermos - como diria Aristóteles - é algo muito incomum e por isto, tem um valor enorme para uma vida saudável. O efeito colateral disto é quando não sentimos a necessidade de sair de férias, gozá-las por assim dizer, reduzindo nossa exposição à família. 

É a primeira vez nestes 3 anos que resolvi ficar 10 dias na praia com eles. Não é fácil. A convivência familiar tem uma dinâmica própria que por eu estar na maior parte dos dias longe, é quaise uma nova teoria organizacional que preciso aprender para melhor conviver com eles. 

A dinâmica de ficar quieto, lendo e andar de bicicleta funciona. Mas não é a melhor premissa, afinal, se estamos todos juntos, que juntos fiquemos e nos aproveitemos da companhia de nós mesmo, mesmo que para algumas situações eu me sentir um estranho invasor quando vejo a ofrma harmônica - ou quase - entre mão e filhos, acostumados a conviver diariamente e mais do que isto, acostumados com seus defeitos, sincronismos e formas de interagir. 

Mas nada muito traumático de se acostumar se observarmos. Estou tendo ótimos momentos com meus filhos. Inclusive alguns pensamentos que me vêem a mente sobre a necessidade do casamento depois que os filhos tornam-se entes independentes. É muito divertido lidar com eles, brincar na piscina, andar de bicicleta e ver como se movem pelo mundo em suas determinadas fases de vida. 

É evidente que o papel da mãe vai se tornando cada dia menos relevante, apesar de ser uma referência constante. "Onde está minha mãe ?" é sem dúvida a frase mais falada da semana, e muito acima do segundo lugar. E a parte legla é que na maioria das vezes eu não tenho a menor idéia, afinal, se nao controlo o paradeiro da moçoila durante a semana, pois nao estou em casa, por que raios iria fazê-lo nas férias ? Eu de fato não sei, mas com a diferença que desta vêz as caras de total espanto surgem repetinamente pela minha resposta sem tirar o olho do jornal. É como se estivesse faltando uma parte de seus lobos cerebrais e não somente uma outra pessoa que às vezes também precisa ficar sozinha. 

Trazer uma equipe de ajudantes, sem menosprezar o verbo, ajuda bem. A galera demanda pacas. Praia, comida, lanche, passeio, lanche, piscina, bebifas, lanche. Vai comer assim o dia inteiro lá longe. Os 2 comem o dia todo e depois reclama na hora das refeições formais que não querem comer. Por que será ? 

Minha capacidade de comendo também é questionável em férias como está. Aquela figura do pai poderoso, unico que manda e desmanda colocando ordem na bagunça parece mais algo de filme dos ano 50 do que realidade. Posso até impor um personagem mais autoritário, mas a repercussão vem a galope, pois depois disso nada de brincadeiras, ver TV junto, conversas ou andar de bike. Colocam-me no gelo. E dá-lhe IPAD. 

Em suma, a experiência é divertida e no mínimo nos ensina a sermos humildes. Humildes com a dinâmica de família onde ninguém obedece você ou te respeita por vc ser quem é. É uma eterna construção de relação e confiança que é facilmente abalada por uma manhã de mal humor, mas deliciosa quando eles passam a considerá-lo parte do time. claro, porque o time oficial é filhos e mãe. Eu, como pai, inicio sendo o reserva do bandeirinha e preciso calmamente galgar minhas posições desde a base. 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Bem, faz tempo que não posto nada. Acho que com o advento dos posts curtos do Facebook, minhas idéias estão se tornando diversos pequenos trechos colocadas no FB, onde alguns amigos podem interagir. De qualquer forma, para este final de 2013, acho que vale a leitura do texto abaixo.

RODRIGO CONSTANTINO
Publicado:
Sempre que vou aos Estados Unidos retorno com essa questão: somos um povo otário? Afinal, adoramos nos vangloriar de nossa “malandragem”, de nosso “jeitinho”, mas vivemos imersos em um mar de ineficiência, corrupção, carestia e criminalidade. Há malandro demais para otário de menos por aqui.
Os americanos são bobos, egoístas, uns capitalistas insensíveis. Mas vejam que coisa: os serviços básicos funcionam, as estradas são boas, quase todos possuem carros decentes, pelos quais pagaram um terço do valor que nós pagamos, e podem andar com vidros abertos e ter casas sem muros. Que otários!
Ainda bem que somos diferentes, desconfiamos do lucro, dos empresários, e delegamos ao papai Estado todo nosso destino. Temos agora até universidade marxista voltada exclusivamente para o trabalhador, para não deixá-lo “alienado”, e sim um camarada “politizado”, engajado na luta pela justiça social. Somos muito melhores!
Temos um governo metido nos piores escândalos de corrupção, mas ainda favorito para mais um mandato em 2014. A economia não cresce, paramos de gerar empregos, a inflação continua alta demais, cada vez mais gente depende de esmolas estatais, a carga tributária sobe sem parar, mas ninguém parece se importar. A Copa vem aí, e somos a pátria de chuteiras.
Após oito anos, os mensaleiros finalmente foram presos, mas ainda tentam vender a imagem de injustiçados. Um deles recebe amplo apoio dos artistas e “intelectuais” da esquerda caviar, pois teria um currículo louvável (comunista por acaso pode ter passado digno de aplausos?) e não teria roubado para si próprio. O outro se compara a Mandela.
E o PT faz evento oficial para defender os bandidos presos e atacar o STF, ao lado de uma presidente da República conivente, passiva, cúmplice. Alguém pode imaginar isso nos Estados Unidos? Claro que não. Eles não são tão compreensivos e cordiais como nós.
Estive em Miami e Orlando. Só brasileiro, nem preciso falar. Estamos por toda parte, comprando e comprando. “Consumistas burgueses”, diria um típico comuna. “Classe média fascista”, diria Marilena Chauí. Mas que mal há em desejar pagar um terço do preço que se paga no Brasil pelos mesmos produtos? Compram em Miami os que não são ricos a ponto de poder comprar no Brasil.
“Ah, mas é preciso financiar a justiça social”, alegam os esquerdistas. Ora, o governo americano é a polícia do mundo (felizmente), e nós precisamos de um governo ainda maior em termos relativos? Haja esmola, para pobre e para rico (BNDES).
Sem falar que, no Brasil, reina o culto do pobrismo. As esquerdas amam a miséria, não os pobres. E odeiam os ricos mais do que “amam” os necessitados. Não existem abutres sem carniça, não é mesmo?
O Brasil realmente testa nossa paciência. A impressão digital do governo inchado está em todas as cenas do crime, mas eis que boa parte da população pede, como solução para nossos males, mais governo! Seria cômico, não fosse trágico.
Mas é véspera de Natal, e não quero estragar a ocasião. Quero até aproveitar a oportunidade e fazer meus pedidos a Papai Noel. É verdade que ele tem toda pinta de marxista: usa roupa vermelha, distribui presentes pagos por terceiros, e coloca outros para fazer o trabalho pesado enquanto fica com a fama de bondoso. Não importa. Faço minha lista, na esperança de ser atendido:
1. Que o povo brasileiro possa acordar em 2014 e ter o bom senso de evitar um destino trágico como o da Argentina ou da Venezuela para nosso lindo país.
2. Que o funk não seja mais visto como “apenas” uma forma artística diferente, tão boa quanto música clássica ou ópera.
3. Que a doutrinação marxista nas nossas universidades chegue ao fim e que cada vez mais alunos e professores tenham a coragem de se rebelar contra tal covardia.
4. Que a hegemonia de esquerda na política nacional seja finalmente vencida e que algo NOVO possa surgir como alternativa.
5. Que esses ecochatos e politicamente corretos arrumem algum passatempo individual e nos deixem em paz para vivermos de acordo com nossas preferências pessoais.
6. Que todos aqueles que conseguem defender a ditadura cubana em pleno século 21 resolvam abandonar a hipocrisia e comprar uma passagem só de ida para a ilha-presídio caribenha.
7. Que os brasileiros passem a ler mais, de preferência bons livros.
8. Que todos aqueles que querem “salvar o mundo” antes arrumem o próprio quarto.
9. Que todos lembrem de que solidariedade é algo voluntário, não compulsório, via impostos dos outros.
10. Que nosso povo seja menos “malandro”, como os americanos.
Feliz Natal.


em http://oglobo.globo.com/opiniao/brasileiro-otario-11144935#ixzz2oO8BYcM7 
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domingo, 10 de março de 2013

A riqueza de uma vida organizada

Acho que o maior legado do desenvolvimento eh a organização. Parece simples, mas se pensarmos em todas as nuances desta simples palavra, as variacoes tornam-se infinitas.

Eh exatamente o que sinto quando chego em NY. Mesmo no meio do caos de gente, carros, onibus e milhoes de lojas que nao nos deixam tirar o olho, sinto que consigo andar sem me preocupar com o basico, algo impossivel no Brasil.

Sei que nao vou ser assaltado, sei que nao tera um buraco na rua que vai quebrar minha perna e sei que se nao olhar pro chao (e poder contemplar a cidade) nao pisarei em um coco de cachorro ou trombarei com caixas e sacos de lixo no meio das calçadas. Parece que no Brasil tudo que pedimos eh muito, quase impossivel de se fazer pois requer muitos recursos e pessoas. Aqui, eh dado !

Ninguem pensa em como eh a vida sem isto. Todos estao calmos, passeando com seus filhos, olhando as vitrines ou sentados em um cafe dentro de uma livraria folhando alguma coisa que os interessa. Nem passa pela cabeça desta galera os perrengues que temos que suportar no Brasil se quisermos simplesmente CONVIVER com a cidade e ao redor das pessoas.

Nunca andei no centro de Sao Paulo. E sinceramente, nao acho que esta me fazendo falta. Entretanto, em todos os lugares que eu vou, faço questao de andar pela cidade toda. Pegar o menos possivel de transporte motorizado e sentir o clima e a vida como ela eh. Algo que sinto uma falta incrivel no Brasil.

Nao eh normal comprarmos carros blindados porque ficamos ricos com nosso trabalho. Nao eh normal nao andarmos pela cidade com medo de sermos assaltados. Nao eh normal nao termos calçadas largas para podermos ver a paisagem e interagirmos com outras pessoas. Aqui, na rua, todo mundo eh igual. No Brasil, existem os dentro do carro e os fora do carro. E mesmo entre o primeiro grupo, ainda existe mais uma segmentacao: os de carro blindado e os sem carro blindado. Como se nao bastasse, neste subgrupo, ainda existe outro: os de carro blindado com seguranças e os de carro blindado sem segurança.

Meu Deus ... no final, o coitado que trabalha 60 horas por semana e tem uma vida desgraçada, ainda eh o mesmo que eh assaltado nas ruas, que pisa no coco de cachorro, que cai no buraco, que nao tem dinheiro para se proteger do pais que ele vive como o resto da população.

Nossa vida no Brasil eh isto:_ trabalhamos para termos dinheiro e nos protegermos da vida que somos obrigados a ter. Moramos em casas que parecem fortes do exercito, andamos de SUV's blindadas, nao confiamos em ninguem, politicos so cuidam deles mesmos e quem resolve jogar merda no ventilador e virar bandido, nao vai para cadeia e nao recebe punição.

Viver no Brasil eh muito ruim. O clima eh bom. Mas mesmo assim, ta ficando ruim, pois a cada ano que passa ta mais calor. As mulheres sao lindas, mas nos outros paises tambem são. As leis nao funcionam, a educação das pessoas eh uma calamidade, viver nas cidades eh um caos. Nao convivemos, somente sobrevivemos da melhor maneira possivel.

Ontem caiu uma chuva de verao em Sao Paulo. Que todo ano cai igual. E de novo, inundou tudo !! Quase perdi meu voo. Puta stress. Para que ? Mas nao pense assim, Fernando, vc precisa ganhar dinheiro e dai tera seu proprio jato !! Caraca ... casa parecendo castelo, carro blindado, meu proprio avião ... que merda eh esta ? E as pessoas acham o maximo este tipo de vida. Isto virou sonho de consumo. Eh sinal de status, importancia, riqueza.

Sinto muito, mas riqueza para mim eh criar meus filhos sabendo que nao serao assaltados se sairem de casa sozinhos, e morar em uma casa sem muros e cercado de guardas e poder ter uma vida onde as preocupaçoes com a sociedade, familia e patrimonio sao as mais importantes. E nao as preocupações de neanderthal que temos hoje.

Dia da consciência cidadã. Vamos fugir do Brasil e deixar estes politicos FDP ganharem seu proprio sustento.




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sábado, 26 de janeiro de 2013

Convivencia e o que fazer no meio

Nao eh uma completa novidade que o excesso de convivencia destroi qualquer tipo de relacionamento. Comigo eh ate um pouco menos do que o excesso, pois me canso de conversar com as mesmas pessoas sobre os mesmos temas, todas as vezes.

Como temos que conviver com muita gente igual por muito tempo a opçao eh ficar cada vez mais quieto enquanto a repeticao dos assuntos vai aumentando. Claro, esta repeticao aumenta porque a convivencia aumenta, criando um circulo vicioso ate que o inimaginavel acontece: voce nao aguentar mais a pessoa e querer, com todas suas forças, nao ouvir mais aqueles mesmos papos, pontos de vista e opinoes.

E isto nao tem nada a ver com nivel cultural do outro lado ou com sua personalidade. Por mais interessante, culta ou perspicaz que possa ser em algum momento nao muito longe do momento que a conhecemos ela se torna muito repetitiva. Afinal, pessoas, de forma geral, possuem um repertorio de assuntos bastante ligados a suas crencas, valores e trabalho; o que invariavelmente reflete sua vida cotidiana e eh, por isto, bem limitado. Depois que ela nos conta todas suas ideias ou pensamentos sobre isto, meio que acabou. Acabou a novidade, acabou a graça e infelizmente, acabou a vontade de falar com ela.

Não é a toa que grandes mentes discutem ideias, medianos discutem eventos e ignorantes discutem pessoas. Ter idéias é de fato algo incrivelmente diferente para o ser humano médio e inatingível para um ignorante. Algo assustador, podemos dizer. Idéias fazem as crenças serem questionadas, verdades absolutas serem destruídas e novas empresas serem criadas. Ninguém quer este tipo de stress !! Let´s keep simple, stupid !

Para uma pessoa mais quieta como eu, o prazo de entendimento tende a ser mais curto, pois como falo pouco, por consequencia a outra pessoa fala mais, em todos os encontros, fazendo com que os assuntos terminem mais rapidamente.

Bem, mas o que acontece quando os assuntos relacionados a crenças e valores terminam ? Entramos na analise de situaçoes e eventos. Na maioria deles não estamos presentes, ou estavamos, e por isto, tanto os motivos que os fizeram acontecer quanto os respectivos desfechos não nos interessa. Esta fase costuma ter uma duração media, mas desproporcional ao interesse da primeira parte do relacionamento que eh quando estamos conhecendo a pessoa e analisando se ela possui algo em comum conosco. Não podemos esquecer que todo relacionamento é uma atividade funcional. Não nos relacionamos com pessoas que não temos nada para aprender. Mesmo os piscianos não acreditando nisto.

A terceira parte, entretanto, claramente quando acaba a segunda, é a pior e precisamos rapidamente eliminá-la: quando depois dos valores, crenças e eventos, começamos a discutir pessoas e comportamentos. Daí fica insuportável para mim. Se já no primeiro assunto eu nao tinha muito o que falar pq estava aprendendo e, no segundo, minha relação audição-interação sobe muito. Na terceira fase, depois de ouvir praticamente tudo que me interessava e tudo que não me interessava, o relacionamento torna-se de fato insuportável. Portanto é hora de ir.

Com conhecidos a atitude é mais facil. Com amigos, mais complicado, apesar de possível. É justamente nesta terceira fase que os amigos que se conhecem ha mais tempo mais concordam e ambos se despedem. Desta forma, toda vez que se encontram, falam de eventos que tenham algum interesse mútuo, batem um papo leve sobre nada e depois se despedem. Estas amizades costumam durar a vida toda.

Bem, tudo isto para dizer que não vou sair com ninguém hoje para jantar porque já sei tudo que será conversado e as novidades não me interessam. Escolho portanto a manutenção da amizade ficando aqui, terminando de ler meus casos e jantando sozinho sem falar com ninguém. Além disso, as 22 começa a final do Australian Open, algo que suplanta qualquer tipo de interação entre amigos sendo que a genese do jogo já é individual.

Agora preciso decidir o que vou comer. Estou com fome.
Fui ... mas eu volto.


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Chegando para o ultimo modulo

Bem, estou agora no terceiro ano do meu OPM.
Chegando em Boston e desta vez atraves de um caminho diferente. Ao inves de ir para NY e depois em um trem para Boston, estou agora em um aviao indo de Washington para Boston. Uma escala e sem trem. Ja estou ha 12 horas viajando e cansado de ficar dentro de aviao. Muito frio e neve em W.

Estava pensando se valia mesmo a pena pagar mais caro para ir de classe executiva. Estava pensando antes de hj, pq inegavelmente eh muito melhor. Vim de United Airlines, classe executiva, e dormi o voo todo, super cofortavel. Nem jantei. Fui direto pro cafe da manha que terminei faltando 10 minutos para aterrisarmos. Nem senti a viagem. Foi a primeira vez que voei de United e posso dizer que tranquilo.

Depois de um espera razoavelmente pequena em Washington, mais duas horas de aviao para Boston, mas tbem na classe executiva, com um banco maior, espaco para minhas pernas, poder abrir meu IPAD e ficar escrevendo este post. Sim, conforto tem um preco. E quando ficamos velhos, eh por isto que precisamos ter dinheiro. Andar em lombo de burro cansae deixa doido.

Sempre fico feliz quando chego aqui pois a organizacao dos caras eh de tirar o chapeu. Ja tentou fazer escala no Brasil ? PQP .. ninguem te da informacao, nao tem placa, nao sabe onde despacha a bagagem, se vai pro balcao .... ou se morre ! Aqui, nem preciso dizer, no aviao ja dizem que se estamos fazendo escala siga as placas roxas. Falam isto umas 5 vezes e em tres idiomas.

Animal ! As placas roxas levam-me a uma imigracao separada do resto do aviao, sem filas e com varios agentes nos esperando, e que ja sabem que precisamos ir para outro voo e por isto, sem enrolacao.

Depois que saimos de la, pegamos a mala e de novo, placa roxa que nos leva um check-in automatico para despacho de bagagem para o proximo voo. Sem pessoas. Tudo por indicacao e automatico. So colocamos em uma esteira - para todos os novos destinos eh a mesma esteira - e a mala ja vai pro aviao certo e somos encaminhados para o nosso portao do voo domestico. Facil para caramba. E tudo com gente te indicando o caminho, placas coloridas e setas em cima do que vc tem que fazer.

Por que no Brasil nao podemos ser assim ?
Por que eh tanto caos e desgosto morar no Brasil e ficar dependendo da boa vontade de quem pode te informar as coisas ?
Nao eh bastante mais facil ter placas, indicacoes, salas separadas e checkins exclusivos para quem esta em transito ? Facilita a vida de todo mundo e sem causar stress e vontade xingar todo mundo.

O Brasil eh isto. Temos todo o dia vontade de xingar todo mundo pelo servi;o prestado, pela falta de informacao e pela bagunca que somos expostos a qualquer coisas que vamos fazer. Ninguem pensa em processo ou como facilitar a vida do cliente. Tem que ser foda !

Pelo outro lado temos um clima bom. Que mais ?

Bem, estamos nos preparando para descer. Ja vou !
Mas eu volto.



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Location:Park Plz,Boston,Estados Unidos da América

sábado, 29 de dezembro de 2012

FILME: As Vantagens de ser invisível

FUI VER ESTE FILME HOJE SEM NENHUMA EXPECTATIVAclique no link e veja mais sobre o filme na página do IMDb.  

Para falar a verdade, sim, havia uma: que o filme seria horrível. Mais um destes psico-dramas adolescentes, de americanos bem de vida atormentados por problemas fúteis como não ser a pessoa mais popular da escola ou ser apaixonado pela garota popular que namora o quarter back. Basicamente uma história, que nem história é. 

Entretanto a surpresa já veio quando, na entrada do cinema, vi quem eram os atores, ou o trio de atores que estrelava o filme. O primeiro é um menino fraquinho - do qual fiquei bem impressionado - que tinha feito uma série de filmes do Percy Jackson. Não gostei da série, mas achei o garoto médio. O segundo ator é a conhecida do adolescentes Emma Watson, a Hermione, do Harry Potter sob uma roupagem muito mais moderna e atraente - e super charmosa! Ela faz o papel de uma adolescente já com histórias passadas (meio forçar a barra, mas ok, licença poética) e o terceiro, o melhor deles, Ezra Miller .. que tenho certeza muito pouca gente ouviu falar. Ele é o serial killer do filme Precisamos falar sobre Kevin, com Tilda Swinton e John C. Riley. 

Este filme precisa ser visto. É nada menos do que espetacular e tem um final muito chocante. Este garoto, Ezra, filho dos dois atores citados acima no filme, é de uma presença na tela impressionante. De dar medo só de olhar para ele. Bem, ele é o terceiro cara, um adolescente homossexual assumido - inclusive com uma tranquilidade sobre sua situação que nunca vi em nenhum adolescente, mas ok .. podemos considerar isto licença poética as well. 

A estória ronda os três, sendo que o primeiro é o ator central. Um cara bem retraído, culto para a idade e com uma fixação pela tia que morreu em um acidente de carro - que depois fica melhor explicado. Para ajudar, ele é calouro do ginásio em que está e por causa de sua timidez é zoado pelos fortões-chavões do time de futebol americano quer andam todos os dias, independente do clima, com aqueles casacos de manga de couro (por sinal, já tive um destes e não dá !! São tão quentes que só com temperaturas abaixo de -10 oC seria possível usá-los o dia todo. Mas .. faz parte do processo de esteriotipagem do filme. 

Vários fatos de se desenrolam de forma natural na trama. FAtos muito interessantes e bem amarrados, com dialogos bem feitos e atores muito bem escolhidos para os papeis em questão. Não é à toa que produtor é o mesmo cara que fez aquele filme Juno, que lançou ao estrlato aquela atriz baixinha e muito prolixa chamada Ellen Paige (Juno foi escrito por outra mulher muito boa chamada Diablo Cody). 

TRAILER DO FILME

Bem, em suma, um filme que fui ver para passar a tarde chuvosa de São Paulo e que me agradou muito. Duas passagens chamaram-me atenção: a primeira quando Charlie pergunta ao seu professor por que as garotas sempre escolhem namorados que as tratam muito pior do que eleas merecem e a resposta foi excelente. Ele disse "aceitamos o amor que julgamos merecer". Very insightful !! 

A segunda passagem é no final, quando Charlie e Sam (Emma) est~çao conversando no quarto poucos dias antes de ela ir embora fazer faculdade em Penn State. Ela diz para ele: -- pq vc nunca convidou para sair já que gosta de mim ? Não quero ser musa de ninguém, quero alguém que me ame pelo que sou e como sou. E ele responde de uma forma tão bem colocada que até certo ponto, me vi falando como ele -- eu posso ser quieto, introvertido, mas sei exatamente quem você é. Eu gosto de você do jeito que você é. Só achei que você estivesse feliz com seu namorado e eu ... queria que você fosse feliz. Por isto nunca te chamei para sair. 

Lembrou-me do meu pai, que dizia para mim -- não é porque sou quieto que sou estúpido. 

A crítica negativa é que achei que estes adolescentes muitos bem resolvidos. Bem resolvidos demais na minha parca opinião. Devem ter começado a fazer terapia com 5 anos. Mas enfim, vale ser visto. BN

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Chuva

Adoro ouvir o barulho da chuva. Desde pequeno me identifico mais com climas frios e molhados. A sensação de limpeza, de trabalho cumprido e de que virá um novo dia é o que me faz gostar tanto de ver a água levando para debaixo da terra todas as porcarias que fazemos durante o dia.

O clima frio, muito mais do que o calor, nos dá vontade de trabalhar, de produzir afinal, com a agitação do corpo esquentamos, nos fazemos aquecer e nos sentimos vivos. Exatamente o oposto do que acontece no calor, com aquele mormaço que nos impede de ficar vestidos, sem vontade de trabalhar e esperando a noite cair para dar uma trégua. Não tenho dúvida que o clima impacta a produtividade e própria vontade de ser alguém. Não é possível fazer-se produtivo se nem mesmo nos aguentamos, muito menos se não conseguimos ficar vestidos.

Está chovendo agora. Não consegui dormir e estou lendo alguns textos para me distrair. Facebook e Tweeter perdem a graça de madrugada, quando todos dormem também não ficam postando bobagens para ficarmos lendo. No meio deste pensamento alguns raios e uma torrente de água esfriou mais ainda o tempo. Abri a janela e fiquei vendo a chuva em contraste com a luz do abajour. É incrivel como existem alguns chavões e clichês que por mais o sejam ainda fazem sentido. Sinto-me sozinho hoje. Tem clichê maior que este ? Sentir-se sozinho as 3 da manha com a chuva chovendo ?

Sinto-me sozinho na maioria dos dias do ano, mas hoje especialmente sinto-me mais. A solidão da falta de compreensão é uma das piores. A solidão dos gênios, como dizem os livros - o que certamente não é meu caso, mas que todos passamos um dia - é aquela onde nossas idéias, assuntos e interesses simplesmente não estão contidos no dia-a-dia de quem está perto de você. Vive-se junto e ao mesmo tempo distante e nestas horas, tão distante que parecemos estar em outra galáxia. Simplesmente nada se interpõe, causa impacto ou gera qual forma de intersecção que possa desembocar em uma conversa ou troca de idéias.

São dois mundos separados por anos luz de distância mesmo com você sentado ao lado das outras pessoas que normalmente convive. Acho que é um sentimento bem comum para todos, ainda mais neste ambiente hostil de cidade grande, outro clichê (tá duro hoje !), que para pessoas menos suscetíveis aos relacionamentos como eu, em alguns momentos parece o lugar ideal. Mas não é.

Nossa necessidade de sermos diferentes muitas vezes extrapola nossa capacidade de adaptação ao outro. Acabamos por ser, pelo menos por alguns momentos, tão diferentes que nos isolamos. Não nos tornamos especiais por causa disto, somente o que já somos. Normais, porém por alguns momentos diferentes de quem nos rodeia. É um sentimento comum, como eu já disse, a todos os seres humanos.

A chuva passou. Foi um rápido evento de alguns minutos que baixou a temperatura alguns 3 graus, limpou as ruas e jogou os copos, cigarros e comidas direto aos bueiros. Claro que ficarão entupidos. Mas saírão da nossa vista. No final é o que importa: sair da vista.

Jogar para debaixo do tapete. Qualquer barbárie pode acontecer, contanto que eu não a veja. Leva-se muito ao pé da letra o ditado que diz se os olhos não vêem o coração não sente e com isto, vamos destruindo a grande parte do que encostamos. Depois de nós passam outros escondendo o que fizemos, esperando que aquilo por um passe de magica suma. Somos seres em evolução, porém nossa percepção de quão pouco evoluídos somos ainda assusta algumas vezes. Simplesmente nossa percepção sobre nós mesmos é ridícula de tão ignorante. E o efeito disto é o que vemos no dia-a-dia.

A chuva deveria durar mais tempo. Quanto mais tempo ela cair, mais sujeira ela joga para debaixo da rua e mais perdoados estaremos no dia seguinte para podermos começar tudo de novo. Acho ainda que a chuva passa uma sensação de redenção, de dever cumprido e de fim de ciclo. É só uma sensação, eu sei, pois no dia seguinte está tudo igual de novo: café da manhã, levar na escola, parar o carro, ler o jornal, falar com as pessoas, tomar decisões, almoçar, comer a cada 3 horas, se encher de café, fazer reuniões, voltar para casa ... e ficar mudo até o dia seguinte. Esperando que a chuva venha para limpar toda a sujeira que fizemos no dia anterior.

domingo, 18 de novembro de 2012

Dia especial

Eh uma preocupacao recorrente que tenho que pessoas que trabalham juntas, compartilham ideias e ideais por um longo periodo de tempo acabem, invariavelmente, perdendo a harmonia de pensamento por causa de fatos cotidianos. Eh mais comum do que parece isto.

Nossos amigos de escola ou de faculdade, completamente alinhados quando estavamos convivendo diariamente perdem-se com o tempo e depois de alguns anos, quando os encontramos, muitas vezes nem nos reconhecemos mais. Para alguns isto mostra que a amizade de fato nunca existiu. Para outros, que isto eh natural da vida e que nossos caminhos sao de fato independentes. Eh muita sorte quando conseguimos carregar amizades por toda uma vida. Eh uma alegria podermos compartilhar sucessos e fracassos com quem sabe de onde viemos, como fomos forjados e o que existe embaixo do personagem que montamos para sobreviver em sociedade.

Quando ficamos adultos, procuramos de novo nossos caminhos atraves dos trabalhos que temos e alguns, conseguem ter por um periodo, a felicidade de achar pessoas tao alinhadas com seus valores e visoes de futuro que acabam por compartilhar isto em uma nova empresa.

Eh o meu caso. Meu socios nao sao meus amigos do peito. Nunca foram e nos encontramos por motivos bem especificos e relacionados a objetivos profissionais. Entretanto, ou por bem, nesta dimensao da vida sempre nos demos muito bem. Tivemos e temos diferencas mas no ambiente de trabalho sempre procuramos trata-las de forma racional e objetiva. Posso dizer que ate aqui tem dado certo.

Ha 8 anos, quando tive meu primeiro filho, achei que esta harmonia poderia ruir. Nao de uma vez, mas devagar porem de ritmo constante, pois sendo eu o mais velho e tendo tido filho antes dos outros 2, tive medo no comeco que nossos interesses se distanciassem com o passar do tempo. Estava errado.

Mesmo com minha preocupacao com a familia, algo que para eles era muito mais tranquilo, nunca tivemos discussoes ou questoes de dificil solucao como alinhamento de interese ou falta de tempo dedicado aos negocios. Durante todo este tempo meu desejo que eles tivessem filhos entretanto somente cresceu. Fazia parte do plano macro de nao perdermos o alinhamento e o interesse pelas ideias dos outros afinal, mesmo sem problemas aparentes, este tema nunca saiu completamente da minha cabeca.

Hoje portanto eh um dia muito feliz para mim. Um deles eh pai a partir de hoje, com 3 anos a frente de quando eu experimentei a paternidade. Tenho certeza que este evento nos deixara mais unidos, pois sera mais um nivel de entendimento que teremos que compartilhar. Daqui para frente, uma outra parte das nossas vidas, alem da empresa, tera valores comuns e interesses semelhantes.

Por um momento achei que isto nunca aconteceria, afinal, a sociedade depois de uma certa idade e do casamento ter durado alguns anos pressiona para que rebentos sejam encomendados. Uma injustica. Ninguem eh obrigado a ter filhos e muito menos ter que responder perguntas do tipo "por que nao" a todo momento. Em parte, foi o que aconteceu com eles. Em certo momento, isto gerou uma natural repulsa pelo tema e comecaram a dizer que nao os teriam. Uma decisao tao valida quanto a decisao de te-los. Foram convictos, eu acreditei e decidi nao tocar mais no assunto.

Ate que veio a noticia. Hoje eh dia 18 de novembro de 2012. Espero que continuemos juntos pelos proximos 20 anos e que possa ter a felicidade de ve-lo crescer. A partir de agora, questoes antes inimaginaveis para quem nao tem filhos, comecarao a tomar forma e terao que ser tratadas dentro da empresa tambem. Eu era a voz dissonante quando necessidades e preocupacoes com a prole vinham tomar forma em nossas decisoes de futuro empresarial. A paritr de hoje nao sou mais. Virei maioria.

Estamos comecando um novo ciclo. Um ciclo onde nao mais construimos para nosso proveito proprio mas para quem deixaremos aqui. Eu ja entrei neste ciclo ha alguns anos e me sinto muito feliz de ter um parceiro nas conversas sobre este tema que certamente virao. Temos um motivo a mais para sermos empresarios e perdurarmos nossa criacao para as proximas geracoes. Temos mais um motivo para continuarmos juntos. Sera ?

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A praga do politicamente correto

Depois de ter terminado o volume 2 da serie sueca Millenium, a Menina que brincava com fogo, estou na metade de um livro que espelha muito do que penso sobre o mundo e sobre a vida.

Comprei-o ha alguns meses e como estava envolvido com outras literaturas, estou fazendo isto agora. Uma pena nao ter feito antes. Existem tantas frases e passagens que posso usar na minha vida cotidiana e que explicam a nossa rasa existencia que ate parece piegas falar sobre isto.

O autor, Luiz Felipe Ponde, eh um filosofo moderno que na minha opiniao eh um dos melhores em termos de coragem e capacidade de intrigar ouvintes abestados com seus absurdos nada politicamente corretos. Vejo-me um pouco assim, mas certamente, restrito pela minha capacidade intelectual e cultura. Quando ele o faz, eh muito mais divertido, inteligente e pouco convencional. Afinal, existem poucas coisas mais chatas na nossa vida do que estas pessoas que ficam reproduzindo frases de auto-ajuda fora de contexto com intuito de explicar algo complexo atraves de uma pensamento de banheiro, simples, raso e, na grande maioria das vezes, fetido.

Como estamos rodeados por estes pseudo-filosofos de banheiro, ler algo politicamente incorreto mas corretamente inteligente eh um prazer para a alma e para que meus neuronios possam divertir-se com algo um pouco mais profundo que uma poca de lama cultural.

O livro chama-se GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA. Eh composto de ensios sobre temas filosoficos, tratados com imensa sabedoria durante os ultimos seculos por inumeros filosofos, mas que hoje em dia estao na maioria das bocas de pessoas que nao sabem nem o que sao palavras proparoxitonas.

Eh muito divertido.

A crueza com que os temas sao tratados, hoje em dia controversos e nao tratados em rodinhas politicamente corretas, eh de uma perspicacia impar alem de, claro, insights que todos percebemos, mas poucos de nos possuem os argumentos certos para defende-los.

Eh um daqueles livros que da vontade de presentear nossos amigos. Nao tanto para lembrar-lhes da gente, mas para lembra-los que ainda existe salvacao mas que para isto, precisamos sair do armario intelectual que somos desde pequenos colocados.

O ganho inevital de qualidade de percepcao sobre o que nos cerca eh de estourar os timpanos


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Location:Monte Mor,Brasil

domingo, 14 de outubro de 2012

Biografia Steve Jobs

Em pouco mais de 2 semanas terminei de ler as 644 paginas da biografia do Steve Jobs, escrita pelo Walter Isaacsson.

Certamente um dos livrso que mais me marcaram nos ultimos anos. Nao somente pelo mais obvio que foi a quantidade de inovacoes que ele criou nao somente quando comecou a Apple, mas mesmo no tempo que esteve fora durante sua vida na Pixar, mas tambem, e mais importante, quando voltou para a Apple, depois de 1997.

O livro nao somente eh uma licao de "accomplishments", ou seja, a capacidade surreal deste cara executar ideias na forma de produtos brilhantes, mas mais importante do que isto para mim, ter feito isto sem ser o dono efetivo de nada, somente atraves de seu poder de argumentacao, persuasao e conhecimento.

No caso dele, mais emblematico ainda, nao tanto do conhecimento formal, algo que ele nao teve na faculdade, mas algo pratico, intuitivo e muito ligado a usabilidade do que as precisam precisam ou querem. Algo simplesmente espetacular tendo em vista que foi uma pessoa provinda da contra cultura em todos os sentidos. Como sera que as areas de RH das empresas olham a vida de Steve Jobs ? TEnho certeza absoluta com que um enorme desdem. Aquele desdem de que somente ele poderia ter feito isto e todas aquelas regras, procedimentos e curriculos exigidos de potencias e presentes funcionarios sao de fato mais importantes do que ter um "Steve Jobs" no time.

Fiquei muito, mas muito feliz mesmo lendo sua biografia e tudo que ele conseguiu somente atraves das ideias, poder de argumentacao e lideranca. Nunca neste mundo uma faculdade de administracao colocara este livro, esta obra-prima, na prateleira dos melhores livros de gestao para os alunos. Por que ? Porque lendo-o, a conclusao obvia eh que de fato nenhuma faculdade de administracao serve para muita coisa, a nao ser para empacotar ideias e podar talentos.

Sera um contra-senso eterno que o melhor livro de gestao de todos os tempos, na minha visao, seja exatamente a antitese do a maior parte das faculdades de administracao - pelo menos do Brasil - vem ensinando aos seus alunos. Nao eh a toa que quando mais procuro, menos acho pessoas competentes, motivadas e soltas para trabalhar comigo.

Os valores estao errados. A educacao formal eh importante, sem duvida, mas nao do jeito que esta sendo dado. Nada eh mais importante do que a criatividade, a inventividade e a capacidade do ser humano de transformar o meio em que vive. E hoje, as faculdades com seus metodos arcaicos de ensino, provas de conhecimento especifico e professores vagabundos estao indo para o lado contrario, empacotando mentes e criando verdades hermeticas sobre conceitos por natureza abertos e interpretativos como economia, gestao de empresas, engenharia, arquitetura.

Nunca tive duvida de que tecnologia por si so nao significava nada. A nao ser que foi acoplada as artes e humanidades. Por incrivle que pareca o livro todo fala exatamente deste juncao. A Apple eh o lugar onde a engenharia, arquitetura e a programacao de softwares encontra-se com a arte, o design e a capacidade do ser humano de extrapolar os limites pre-estabelecidos.

E por que todas as empresas nao sao assim ? Parece-me algo tao obvio, escrevendo desta forma. Dai que entra a genialidade de Steve Jobs. Ele nao era um eximio programador, nem um excelente tecnico e muito menos um engenheiro brilhante. Mas ele sabia colocar suas ideias e trazer pessoas que as entendiam, compartilhavam de seus valores e se intertessavam em ver o mundo com olhos menos tabulados.

Esta pergunta inclusive, que certamente nunca sera abordada em nenhuma faculdade de administracao, onde de fato estava a genialidade de Steve Jobs ? Nas ideias ? Nos processos ? Na persuasao das pessoas ? No carisma ? Na capacidade de antever o mercado ?

Nao sei, mas podem ser varios destes motivos, ou somente um deles, e mesmo, em nenhum. O ponto eh que sua genialidade nao estava no pensamento correto, higienico e a prova de falhas. Havia muitas falhas, afinal, tudo que essencialmente novo nao esta testado e por isto, eh passivel de falhas. Ele nunca as rejeitou e nunca rejeitou as pessoas que o desafiavam, que nao aceitavam suas ideias. Tenho um novo idolo na minha vida que se chama Steve Jobs.

No final, percebemos que o cara era de fato uma praga como pessoa. Dificil de se lidar, perfeccionista em tudo que o rodeava, ate coisas sem importancia como a comida do dia a dia, ou o carro que andava e mesmo as roupas que vestia. Era raivoso, gritava e afastava as pessoas em sua volta pelo seu jeito temperamental. Entoa pq faziam o que ele queria ? Ele nao tinha acoes da Apple, era somente o CEO, podiam te-lo mandado em bora pelo seu temperamento, como fizeram em 1985. Por que nao fizeram ?

Esta pergunta nao esta respondida no livro. MAs na minha humildade opiniao eh porque ele liderava pelo exemplo. Sua furia nao era contra ninguem em especial, mas contra o mal feito, a incompetencia e a tolerancia com produtos e servi;os que nao eram espetaculares. Quando ele foi mandando em bora da Apple em 1985, John Sculley tentou transformar a Apple em uma empresa onde as vendas e os gerentes comerciasi e de marketing eram mais importantes do que os produtos e seus desgins. Deu no que deu e ele quase levou a empresa a bancarrota.

E foi Jobs que com sua visao integrada de usabilidade, hardware mais software e vertiicalizacao da estrutura de servicos colocou a empresa como a mais valiosa da historia. Para mim ficou mais claro que nunca que empresas onde os vendedores possuem uma voz mais relevante dos que as pessoas de produto e design nao tendem a ir muito longe. Ganham dinheiro por um tempo, mas invariavelmente a economia muda, as geracoes passam e os vendedores ficarao sem produtos para vender.

Foque no que voce sabe fazer, e tenha certeza que voce sera o melhor e fara o melhor possivel para que seu produto ou servicos sejam realmente espetaculares. O resto vira com o tempo. E tudo que estiver fora de suas competencias, deixe de lado, nao faca, deixe outra empresa fazer. Talvez vcs possam ser parceiros no futuro.



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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cavalinho e Vale da Morte


Hoje ja eh quinta. A semana esta passando muito rapido por causa do dia cheio de atividades. Todas na natureza ou com animais. Ja visitei lugares incriveis mas ontem, foi demais.

Fomos a um lugar chamado Vale da Morte. Comeca pelo nome que os locais entenderam errado. Ha 50 anos um missionario belga descobriu o lugar aqui no deserto e falou que a paisagem era parecida com Marte. DE onde ele tirou isto, nao sei. Mas nao vem ao caso.

domingo, 29 de julho de 2012

Ferias de uma semana

E aqui estou eu de novo de ferias. Parece que as tiro sempre, mas na pratica, o fato eh que quase nunca. E para sair, como sempre estou envolvido ate o ultimo fio de cabelo com meus negocios, eh um sofrimento. Sempre digo que nao quero. Depois que entro no aviao entretanto e vejo que nada vai desmoronar sem minha presenca, relaxo e ja nao quero mais voltar. Ate mesmo eu penso ... que nego louco !!

Viagem para ser legal precisa ser feita com estilo. Nada de viajar economizando dinheiro. Isto eu ja faco em sao paulo, olhando planilha e controlando custos. se eh para viajar olhando para carteira, melhor ficar em casa.

sábado, 14 de julho de 2012

Vontade, mas sem inspiração

Acordei hoje com vontade de escrever.
A questão é que to sem inspiração. Não sei o que ou sobre o quê. Tentei ler os jornais, para ver me inspirava, mas não achei nada de emocionante. Fui ver TV, mas como imaginava, lamentável a qualidade dos programas e como são chatos. Poderia ficar horas escrevendo sobre isto: a inutilidade da televisão na vida pessoas; mas não vou. Acordei com vontade de escrever, não de reclamar.

sábado, 7 de julho de 2012

A vida acontece e a escrita não acompanha

Desde que voltei de Harvard não entrei para escrever o que tem acontecido por aqui. Minha vida se resume para os outros a um eterno trabalhar muito. Não entro no mérito do que estou fazendo, para quem e qual o objetivo. Ainda tenho severas restrições contra pessoas palpitando na forma que eu levo minha vida e como e porque tomo minhas decisões. Perguntas demais, ações de menos é o que invariavelmente vira uma conversa destas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Harvard, OPM, chega ao fim o segundo modulo

A ultima que vez que postei algo foi ainda quando estava em NY. Ha exatas 3 semanas. Neste periodo que passou vim pro curso em Havard, OPM. Muito trabalho, muita leitura, pouco tempo sobrando mas muita, mas muita diversao.

Em que termos, haja visto que meu objetivo eh estudar ?

Mais uma vez fico pasmo com a qualidade do aprendizado que tive aqui. Coisas que certamente, em uma consultoria, custaria muito dinheiro, foram passadas para nos pelos caras mais entendidos de seus assuntos e muito respeitados aqui nos Estados Unidos e alguns, no mundo. Nao eh barato vir para ca, mas vale cada Dolar que paguei. Nao existe nada mais inebriente para uma mente faminta do que estar em um ambiente como este.

Alem dos professores, do conteudo e da forma que as aulas sao dadas, existe um quarto componente muito importante que sao os alunos. O grupo que eh formado por pessoas do mundo todo, responsavel pela maior parte dos momentos de estudo nestas 3 semanas. Eh intenso. Alem de uma media de 3 aulas por dia ... por sinal, tivemos varios dias com 4 aulas neste modulo, temos que ler uma media de 3 casos e discuti-los com nosso living group toda a noite por cerca de 2 a 3 horas.

Cada caso tem por volta de 7 paginas, em ingles, focado em como os negocios acontecem, fraquezas, pessoas, estrategias, distribuicao e decisoes. Nao eh como ler um livro, mesmo porque precisamos ter visao critica para podermos discutir com nossos grupos. Desta forma, um grupo ruim piora exponencialmente a experiencia de estar aqui.

Meu grupo neste segundo modulo foi muito bom mais uma vez. Pessoas comprometidas, capazes e que como eu, viam como um aprendizado a interacao com pessoas de outros paises, outras culturas e experiencias. Nao foi assim com todo mundo. Ouvi varias reclamacoes de falta de interacao e interesse dos membros dos grupos. Tambem vi varias pessoas que apesar de terem investido muito dinheiro para estarem aqui, nao deram o valor correto para esta experiencia.

Nao estamos aqui para ir para balada toda noite, nem para sair para jantar dia sim, dia nao e muito menos para ficarmos envolvidos com assuntos alem dos que temos que aprender aqui. Viemos para termos uma nova experiencia e nos aprofundarmos nestes temas de forma a encontrarmos saidas para problemas e novas ideias para nossos negocios.

Este curso nunca poderia ser feito por alguem medianamente engajado. Um funcionario qualquer, sem relacao direta com o equity da empresa que trabalha ou mesmo, algum herdeiro que nem sabe de onde veio o dinheiro. O amor pelo negocio e pela vida de empresario norteiam as pessoas aqui. A grande maioria esta aqui para aprender nao porque seja mal sucedido e quer ver o que estar fazendo errado ... nada disto, convivi estas 3 semanas com 160 pessoas do mundo todo muito mais bem sucedidas do que eu. Caras que venceram em seus paises e fora deles, e nem por isto pararam no tempo. Estao aqui, ralando, querendo mais. Isto nao tem nada a ver com trabalho ou com dinheiro. Isto tem a ver com amor ao jogo. E eh isto que torna esta experiencia tao incrivel. Estudar um assunto que voce adora, com gente que gosta dos temas tanto quanto vc. Quando tivemos isto alguma vez na vida? Eu, posso garantir, nunca tive.

E isto tudo ainda gera satisfacao e relacionamento, um ativo fundamental no mundo de hoje. Estou saindo daqui mais proximo ainda das pessoas que conheci ano passado. Conheco mais do que fazem, quem sao e quais seus valores. Vejo-os melhor e por isto, posso entende-los melhor tambem. E entede-los me ajuda a entender a mim mesmo e minhas motivacoes. quando os vejo e me relaciono com eles, estou de fato relacionando-me comigo mesmo, vendo-me e me julgando a todo momento.

Perto deles sinto-me uma formiga. Sinto-me pequeno vendo por quanta adversidade ja passaram para construirem seus negocios e quantas licoes ainda tenho que aprender. Sinto-me uma crianca no parque de diversoes pela primeira vez. Usei tanto lapis, papel e cordas vocais aqui em 3 semanas quanto usei em 5 anos de engenharia. Por mim, ficava mais tempo. Tenho ainda muito o que aprender.

Mas preciso ir. Parte do processo eh aplicar em casa o que temos visto aqui. E a beleza deste pessoal tambem eh o que eles fazem quando nao estao aqui. Por isto que ano que vem tem mais 3 semanas. Vamos estar de novo perto e vendo como nossos negocios evoluiram.

Este curso deveria ser 3 semanas por ano para sempre. Para mim, seria o ideal. Aqui sinto-me parte de algo maior, algo pelo qual faz sentido estudar, trabalhar e ser melhor. Estar com os melhores me faz querer ser melhor que eles. Se precisasse encontra-los todo ano, como viveria sem dizer-lhes quao bem meus negocios estao indo, como minha familia esta crescendo e dando sustentabilidade para esta vida que construo. Ia ter que melhorar sempre.

O efeito disto tudo eh que estou saindo daqui muito feliz. A vida eh curta para um monte de coisas chatas e sem sentido que temos que fazer. Muitas vezes acho que faco mais coisas que nao possuem qualquer valor do que coisas que de fato facam alguma diferenca. Isto me faz questionar muito minha propria vida. Vir para ca eh a prova de quem ainda existem coisas que valem a pena, conhecimentos e interacoes que valem a pena serem aprendidos e regados. Para mim, estou em um outro planeta. Espero que consiga dar esta experiencia aos meus filhos. Tenho certeza que meu legado estara completo se eles se sentirem como eu estou me sentindo agora.

VALEU POR ISTO, PAI !!
Vc eh muito responsavel pela vida que eu tenho hoje. Fez um bom trabalho.

Fui.



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domingo, 26 de fevereiro de 2012

De novo em NY

Minha viagem anual para Nova Iorque acontece de novo neste momento.

Nao quero parecer repetitivo, mas apesar da grandeza de Manhattan, o fato de andar na rua, entrar nas lojas e escolher o que vamos almocar durante um passeio muda tudo. Sao paulo e seus carros blindados nem parece existirem para esta gente aqui.

Vim de metro com um pai segurando o patinete do filho de uns 5 anos. Iam passear pela Union Square. Estou almocando neste momento. Em um singelo cafe de mais de 35 anos de historia e uma comida simples, mas excelente. O nome, tambem singelo, eh Union Square Cafe, e fica na 16 street ao lado da praca.

Como as pessoas educadas melhoram o ambiente. A menina que nos atende deve fazer faculdade na NYU e esta aqui domingo atendendo as pessoas. Super simpatica, bem branca e meio ruiva. Sorridente e que com certeza entede a importancia do seu trabalho. O pessoal que vem aqui certamente nao eh e turistada, pois nao os vejo por aqui. Somente pessoas mais velhas e todos americanos da gema. Por coincidencia estou sentado perto da entrada, de costas pro vidro que da para rua e vejo todos que entram e saem.

Apesar da grandiosa, adoro NY pela mescla de civilidade com cidade grande. Algo que em Sao Paulo nao existe. Sinto-me parte da cidade aqui, parte da comunidade que habita Manhattan, falando varios idiomas e com suas idiossincrasias proprias.

Mundo moderno,com opcoes, restaurantes, teatro, compras ... Mas tambem humanidade, convivencia, civilidade. Uma mistura irresistivel para mim.

Fui ate a loja da ATT aqui do lado para tentar conectar meu ipad a rede 3G. Nao tive opcao a nao ser trocar meu chip Vivo por um ATT, mas pagando USD 50,00 por mes para 10 GB de trafego. Parece brincadeira esta relacao valor trafego aqui se compararmos com SP. Mas o que me chamou a atencao foi a forma como a menina da ATT me atendeu. Nao estavamos conseguindo conectar e nao sabiamos o motivo. Ela ficou comigo quase 40 minutos tentando, mudando o cartoa, trocando o chip e tentando entender minha demanda. Quando isto acontece no Brasil !! Fora que fui atendido em 3 minutos em um loja das mais movimentadas que vi por aqui. Impossivel isto em qualquer operadora no Brasil.

Bem, agora esta tudo funcionando. Ate meu IPAD agora esta com um teclado conectado com bluetooth. To chique no urtimo.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

De Delfim Neto

"Nunca trabalhei na minha vida. Tudo que fiz foi por diversão, por prazer. Vou lhe dizer mais: você não escolhe a profissão. A profissão te escolhe. E quando você tem sorte, você nunca trabalha".

Esta frase acima ..... humildemente, sou eu !!!!

Risco, oportunidade, volatilidade, preço e valor

Há anos que não víamos um ambiente com tanto pessimismo e medo juntos afetando os mercados mundiais. Diferente de 2008, que acabou pegando todo mundo de surpresa; no ano de 2011 tudo que aconteceu foi previsto. A desaceleração do mundo, muito por causa dos processos de desalavacangem, a péssima situação da Europa que pela primeira vez desde a criação do Euro teve de colocar seu sistema de decisões à prova e a economia americana, que mesmo com a injeção de liquidez constante andou de lado. Nada de novo, nada de surpreendente, mas com conseqüências psicológicas avassaladoras.

Quando conversam conosco sobre o que acontecerá com o mundo, as incertezas geradas pela comunidade européia e como isto afetará o mercado, a resposta quase sempre é a mesma: o que acontece hoje é mais um efeito da incerteza de como virá uma solução, do que da perspectiva de caos propriamente dito. Não faz sentido, nem é viável, que os europeus cortem de repente todos os benefícios de suas redes de amparo social (muito custosas), ou aumentem dramaticamente os impostos (que já são altos) e entrem em um processo irreversível de arakiri econômico. A solução virá e toda a incerteza que hoje leva os preços dos ativos para baixo em breve será coisa do passado, como já aconteceu diversas vezes. Não vermos uma luz no fim do túnel não significa que ela não exista.

E mesmo quando pensamos sobre o Euro, esquecemos que o conjunto é mais forte que suas unidades separadas. Uma frase do economista Charles Gave, responsável pela empresa de pesquisa econômica GaveKal, ajuda a explicar um pouco o que isto quer dizer: “a economia francesa não é competitiva, mas muitas empresas francesas são”. O que é verdade para quase todos os países da comunidade européia. Quando falamos de Tractebel, Hermés, Luxxótica, Siemens, BMW, até Inbev, estamos falando de empresas globais, que por uma questão circunstancial estão na Europa, mas possuem suas receitas e crescimento fora da região do Euro. Seus mercados não estão mais limitados ao que acontecerá com a renda de Itália ou Grécia, por exemplo. E isto deve ser levado em consideração quando resolvemos simplesmente ignorar os fatos, assumir perdas sem motivo e nos protegermos de uma Tsunami que nem mesmo foi detectada ainda.

O viés negativo das pessoas, como já foi demonstrado por Kahneman, afeta muito mais do que qualquer possiblidade de ganho. A possibilidade de perda pode causar até dor física, enquanto a felicidade gerada por um ganho é quase esquecida no minuto seguinte. Este é um mecanismo de defesa do nosso cérebro que provavelmente nos ajudou a sobreviver nos últimos 200 mil anos, mas certamente provoca decisões erradas quando o assunto não é fugir de um predador, mas decidir sobre o melhor tipo de investimento.

O efeito deste processo todo é que tornou 2011 o ano em que os ativos de renda variável tornaram-se muito mais atrativos para aquisição do que jamais estiveram desde Novembro de 2008. Quando compramos companhias, depois de meses ou anos analisando-as, pouco deveria importar o que acontecerá nos próximos 6 meses, mas sim, como esta empresa performará nos próximos 5 anos.

Poderíamos ter mantido empresas em nossos portfólios que não caíram nada. Isto daria a ilusão de que passamos incólumes pela crise e nossas posições foram vencedoras. Existem vários exemplos como Helbor, Tegma e até Itaú que não sofreram ano passado. Mas se formos um pouco mais fundo poderíamos pensar que se somos gestores focados em valor e não nos aproveitarmos de momentos como este para adquirirmos participações em companhias que podem nos gerar 2, 3 ou 4x de retorno em 5 anos, será que estaríamos executando bem nosso mandato? Ainda mais se pensarmos que a opção para isto seria mantermos 25% do fundo em caixa, esperando por algo que não sabemos quando e se vai acontecer.

É radicalmente diferente hoje do que no fim de 2007 quando não tínhamos muitas opções para comprar. Os preços de muitos ativos quando vistos sob o prisma de sua geração de resultados estavam completamente fora de qualquer racionalidade mínima. As pessoas discutiam a capacidade das empresas estarem valendo 15, 18x seu lucro operacional como se isto fosse normal. Mas não era.

Hoje é o contrário. Encontramos diversas boas oportunidades, mas a incerteza quanto a economia do mundo e seus efeitos deletérios sobre o Brasil, por mais incertos que sejam, levam ativos de extrema qualidade a serem precificados como se fossem companhias quase falimentares, sem contratos de fornecimento de longo prazo já assinados, sem uma gestão competente e alinhada, e sem colocar em pauta que apesar da crise, existem muitas companhias que estão indo de fato muito bem.

Existem poucas coisas certas na vida. Para investidores casuais e pessoas comuns, a maioria das certezas que os fazem falar sobre seus investimentos em longos jantares ou reuniões de família para nós são somente o mais puro espectro da incerteza e da forma atabalhoada que o ser humano de forma geral lida com o tema investimento. “Valores podem evaporar da noite para o dia, estimativas podem estar erradas, circunstâncias mudam e certezas podem falhar”, diz Howard Marks, CEO da Oaktree, value investor, e que tem sob sua gestão mais de USD 80 bi..

Até agora, o que podemos dizer que sabemos com certeza é que os movimentos econômicos que dependem de seres humanos são cíclicos. E são desta forma, pela própria natureza humana. As pessoas são sentimentais, emocionais e inconstantes. Não são racionais, clínicas e consistentes em seus pensamentos e conclusões.

Existe o progresso e depois a deterioração, as empresas vão muito bem e depois de um tempo, as condições que as fizeram ir bem são as mesmas que as fazem ir mal, e o ciclo se inverte. Vícios e virtudes são como um pêndulo do mesmo relógio, pois quando se está em uma ponta, a energia potencial acumulada para se chegar até lá é a mesma que fará o pêndulo ir para a outra ponta; e isto sucessivamente.

Ciclicidade é inerente ao ser humano. Partindo desta premissa, se você investe a longo prazo, deixar de investir em setores cíclicos, na maioria das vezes é deixar de investirem qualquer coisa. Da mesma forma, focar o portfolio em setores cíclicos é mais ou menos como não focar em nada. O fato é que nós não conseguimos prever os ciclos com a certeza que pensamos que conseguimos, apesar de muitas pessoas acharem que conseguem. Não temos acesso a todas as informações e variáveis que farão o pêndulo chegar ao seu ponto máximo para depois retornar. Podemos estimá-la e tentar prevê-la, mas a linha que divide este tipo de análise de nenhuma análise é de fato muito tênue.

Contudo, se sabemos que a economia é cíclica e que nossos esforços de previsão serão na maioria das vezes em vão, o melhor que podemos fazer é nos preparar para estes momentos da melhor forma possível. E mesmo esta preparação não é trivial pois ainda temos aquele pequeno problema de sermos humanos e nossas decisões estarem sujeitas aos nossos valores, humores e intempestividades.

A forma de nos prepararmos é primeiro sabermos do que queremos nos proteger. Para nós, queremos primeiro nos proteger não da volatilidade, mas da perda definitiva. E isto não tem a ver com preço das ações na Bolsa, mas com o valor intrínseco do ativo, aquilo que o define por ser o que ele é e não uma foto de um momento.

Como achar as empresas com o menor risco, ou probabilidade, de perderem valor de forma permanente?

A melhor forma que encontramos de nos protegermos deste risco é comprando barato. Comprando quando o valor intrínseco do ativo, produto sempre de muito estudo e dedicação, é muito superior ao seu preço em bolsa. Por vários motivos. Comprar barato é muito diferente de considerar que uma empresa vai crescer por causa dos fatores X, Y ou Z. Comprar barato é aproveitar-se de momentos em que distorções aparecem, e adquirirmos participação em negócios sólidos, bem geridos, geradores de caixa e com histórias de sólida geração de valor para seus acionistas a um valor muito abaixo do que qualquer premissa pessimista poderia prever.

E este tipo de trabalho de pesquisa não é uma ciência exata onde somente somamos e subtraímos alguns números, fazemos um fluxo de caixa projetado e voillá !! Aqui está quanto vale a empresa.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Bronquite

Achei um post aqui escondido, de 2011, que não publiquei. Estranho ler uma coisa do passado, que foi registrado, mas que não está mais com vc. 

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Fazia anos que não me sentia assim. Peguei um resfriado que por alguns dias não teve sintomas. A vacina de gripe realmente funciona. Pelo menos em mim. Entretanto, o resfriado bloqueou meus pulmões e fiquei com bronquite. Nasci com isto. Nadei muito por causa disto. Mas sei que nunca sairá de mim. E de vez em quando, muito de vez em quando, ela volta para me lembrar que está lá.

A bronquite me fez ter um vida sem excessos. Se ria muito, passava a noite no inalador. Se ficasse na chuva minha tosse durava 4 dias além dela e se experimentasse cigarro ou quisesse fazer uma onda com as meninas, passava o resto da noite tossindo forte, como se estivesse lá para estragar a festa. De fato eu virava um estraga-festas então o melhor era não tentar. Por isto não fumo e sempre fiz muito esporte. E por causa disto acho que também nunca tive interesse em beber, afinal, uma coisa levaria a outra. E no final, estaria tossindo no inalador de novo. 

Estou há dois dias com o peito chiando e uma sensação de sufocamento constante. Impossível respirar forte pela boca sem tossir e ficar com o peito chiando. Espirro pouco, mas existe muito muco do pulmão e do nariz. Já usei 2 rolos de papel higiênico assoando o nariz sem parar. Meu nariz está inchado. Minha garganta doendo com o pigarro proveniente da bronquite. Não me sinto bem. Pareço um velho em final de carreira; daqueles que nunca fizeram esporte e fumaram muito. Aqueles que se movem como se tivessem perdido a vida que já passou por não poderem ter experimentado as belezas de uma vida saudável, sem doenças, sem mal hálito e sem tosse. 

Confúcio dizia que o idiota contesta, o inteligente aceita e lida com aquilo. 

Minha contestação era muda, pois do que adianta contestar veementemente uma condição física ? Estudo e esporte até que rompi o ligamento do joelho, de tão intenso que era. Com o joelho operado agora voltarei a ter a vida que tinha neste quesito. E de quebra preciso emagrecer. Por sinal, comecei a ler um livro ontem chamado "você é aquilo que você come", daquela Dra. Gillian, do programa da GNT. Estou gostando muito. 

Se existe alguma diferença entre os outros anos da minha vida e 2011 é que pela primeira vez realmente considerei parar de comer alguns alimentos. Não sou uma pessoa crédula e por isto não costumo fazer sem questionar ou aceitar simplesmente. A frase de Confúcio é um mistério para mim em alguns sentidos, pois a reação é algo natural. A aceitação é muito mais conflitante e necessita de calma e racionalidade. 

Praticamente parei de tomar leite. Somente com lactose bem reduzida. Reduzi o consumo de carne vermelha e comecei realmente a pensar nos benefícios de ser vegetariano. Parece piada isto, pois para quem me conhece sabe que decisões de veto e de perda de experiências são complicadas. Minha condição pulmonar já me limita, por isto para todo o resto, tenho uma pré-disposição natural em tentar, experimentar e ter minha própria opinião a respeito. 

Então fica aqui a questão: -- virarei vegetariano este ano  ? 

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Só um adendo a este post escrito em 2011. Não virei vegetariano ainda. Estamos em abril de 2012 e amanhã é aniversario do Theo. 

Passei a noite ontem até de madrugada mexendo no iCloud da Apple e descobri que consigo resolver algumas questões nos meu aparelhos por lá, e ele automaticamnete conserta. Fiquei fazendo exatamente isto. Também descobri uma banda nova chamada Tokio Hotel. Parece aquela THe Rasmus, sueca. Musica pesada. Galera esquisita, mas eu gosto. 

Voltei do segundo modulo da pos e de 5 semanas fora de casa. Estou em re-entrada ainda. 

sábado, 26 de novembro de 2011

Desafios

Apesar do pouco tempo com a perna direita imobilizada, tem sido um baita desafio para mim esta situação. Agitado como sou, com movimentos de locomoção reduzidos ao mínimo possível, o desafio está em controlar a cabeça e não começar a pensar em bobagens muito além da conta. Não posso nem ficar de barriga para baixo na cama, que é minha posição preferida de leitura, pois forçaria o joelho para o lado oposto. Desta forma, tenho que ler sentado na minha cadeira do escritório, com a perna direita apoiada no chão mas sem dobrá-la. Não á posição mais confortável do mundo.

Mais do que isto, vem a lição. Para mim, tudo que acontece comigo ou com os outros tem uma lição a ser aprendida. Não porque acredite em qualquer entidade superior que nos ensine através de nossas trapalhadas, mas porque é assim que conseguimos o equilibnrio estatístico da vida. SE só fizessemos besterias, já estaríamos extintos. Se não estamos, é porque uma coisa nos diferencia dos animais inferiores: nossa capacidade de aprender e absorver informações indiretas e subliminares relacionadas aos nossos atos. Estatística e neurociência. Nada mais do que isto.

A consciência nos diferencia dos demais e é justamente esta parte do nosso cérebro, ainda tão pouco desenvolvida, que nos fornece as respostas para as coisas que acontecem em nossa volta. Por que ainda pouco desenvolvida ? Porque ela ainda apresenta defeitos de funcionamento. Esta questão de encontrar relações, causas, efeitos, motivos é algo ainda um pouco incontrolável e por isto, nosso cérebro, com somente 200.000 anos ou menos, ainda não conseguiu diferenciar o que faz sentido do que não faz. Tentamos achar um sentido, uma lógica, uma correlação em tudo a nossa volta. E nosso cérebro trabalha para isto e nos leva portanto a ligar fatos que, de fato, não possuem relação. Em estatística chamamos isto de correlação espúria e já falei deste fenômeno em outros posts.

Não conseguimos evitar e nosso cérebro não consegue trabalhar de outra forma. Portanto, temos uma parte incontrolável da nossa psiqué que age contra a natureza das coisas, tentando dar sentido à fatos aleatórios. Esta é uma discussão longa e podemos chegar até a questões como a existência de Deus, o amor dos pais ou mesmo nossa necessidade de aprovação frente aos outros. Mas não é este o objetivo aqui.

Minha lição por estar semi-imobilizado é que não existe a menor possiblidade de eu reclamar da minha vida quando eu estava com as duas pernas em perfeito estado de funcionamento. Sim, o joelho arrebentado ia me gerar problemas maiores no futuro e por isto eu operei, mas fico imaginando as pessoas que por qualquer motivo nascem ou não podem usar suas funções motoras completamente. É um inferno. Até ir ao banheiro torna-se um ato de extremo cansaço e bravura. Apóia de um lado, senta torto, levanta com uma perna somente e cuidado para não escorregar no piso molhado, pois com uma perna só, se perder o equilibrio já era.

Tudo funciona bem em mim e na minha família e tenho que ficar muito feliz por isto, pois estatisticamente, zero defeitos em um grupo limitado de seres humanos geração após geração é algo pouco provável. Faz parte da nossa evolução, do nosso desenvolvimento e de nossa capacidade de adaptação ao mundo as reações esquisitas que acontecem com nosso corpo ao longo da vida. Ou algúem tem dúvida que a maioria das doenças do mundo moderno é causada por nós mesmos ? Pela nossa alimentação, procrastinção e relutância em evitar o que já é provado que faz mal como bebidas alcóolicas e cigarro.

Mas como se explica então a morte de Steve Jobs, um vegetariano convicto que morreu de câncer de pâncreas ? Nunca disse que ser vegetariano resolve tudo, mas aparentemente, quando o somos, resolvemos o problema da digestão, mas causamos outros relacionados à falta de nutrientes que nos mantém vivos. Pode ser isto ? Claro. Mas não sei ao certo. Alguém sabe ? Duvido.

Desta forma, uma maneira de evitar que a estatística se volte contra você é seguir minimamente os ensinamentos que seu cérebro te ajuda a configurar. Talvez ele esteja inconscientemente te protegendo de algo que está poir vir, mas não existem provas ainda, pois como dito acima, pode não ser nada, um alarme falso.

Que nosso cérebro processa muito mais informações inconscientes do que conscientes, imagino que não seja novidade para ninguém. Só temos acesso a uma pequena parte da nossa capacidade cognitiva e nosso lobo frontal, o que nos diferencia dos macacos, tem no máximo 80.000 anos o que é nada, se comparado à vida na Terra.

Isto inclusive explica a imbecilidade dos seres huimanos que se auto-intitulam racionais. Nosso lobo frontal não permite que sejamos racionais por completo.

Somos racionais desde nossa criação mas a intersecação entre racionalidade, sentimentos e imaginação é feita integralmente quase pelo lobo frontal, que é ainda bebê em termos evolucionários.

Indo na direção ao que me interessa, é claro que o mercado financeiro não funciona direito afinal, muitas das decisões são tomadas de forma não-racional. É incrível que só em 2001 Daniel Kahneman e Tversky ganharam o Nobel sobre a não-racionalidade das decisões. Demorou muito. O mostra como somos limitados nesta parte do conhecimento.

A teoria econômica que contempla a relação entre as partes, como a teoria dos jogos, tem muito ainda a se desenvolver. Em nenhum modelo que eu conheça, pelo menos, as emoções sã

o levadas em consideração. Todos os modelos são uma simplificação muitas vezes tosca da realidade e claro, que com o tempo, ela se prova errada. Mas o que esperavam ? Afinal não dá para medir o efeito das emoções nas decisões. OK, entendo e concordo. E a solução então é tirá-la da equação ? Como se não existisse. Isto eu não concordo.

Li uma frase uma vez que dizia que a racionalidade nos fez chegar até onde estamos e o todo o resto relacionado ao lobo frontal, evitou que não fôssemos engolidos por nós mesmos. Interessante. Lembro desta frase e a imagem que me vem a cabeça é de Saturno devorando seus filhos, um quadro de Francisco de Goya, pertencente a coleção Pinturas Negras.