Depois de uma crise de proporções nunca antes vista pela minha geração, todos os agentes de mercado parecem que esqueceram que ações são pedaços de empresas. Fizeram o índice Bovespa subir vertiginosamente em 2009, embutindo um crescimento que sinceramente, não sei se virá. Mas este post não é sobre ações, volatilidades e distorções. É sobre como somos levados a olhar para o mesmo lado, até que nos mostrem que o outro lado também é iluminado.
O único motivo de se investir com risco é o ganho que se pode extrair dele em um certo prazo. Se sem risco, ganhássemos a mesma coisa, mercados que levéssem em consideração expectativas futuras de performance não existiriam. Passamos por esta isto aqui no Brasil quando a taxa de juros era por volta dos 18% ao ano para mais.
Existem investimentos que não são atrelados diretamente ao mercado de renda variável. Também não são diretamente atrelados ao mercado de renda fixa, pois é parte da equação de retorno questões relacionadas ao risco das empresas. Por causa disto, os retornos destes investimentos tendem a ser maiores do que os de títulos do governo. Este tipo de investimento, onde o retorno é descorrelacionado de seu mercado-base, podemos chamar de Investimentos Alternativos.
O melhor ambiente para o desenvolvimento deste tipo de mercado é exatamente este em que vivemos hoje: um mercado de renda fixa público e de renda variável bastante desenvolvidos, previsibilidade política e econômica, abundância e necessidade de investimento e crescimento consistente da classe média.
Se somarmos a este ambiente dois eventos mundiais que incrementarão ainda mais as expectativas de retorno como a Copa do Mundo e Olimpíadas, não é difícil entendermos que talvez estes tais Investimentos Alternativos sejam algo para se olhar mais de perto.
Operações de desmobilização imobiliária corporativa são atualmente o melhor exemplo deste tipo de investimento no Brasil. Por causa das condições acima, nosso país está avançando em questões como educação, varejo e consumo internos, serviços, mercado imobiliário e logística. Claro que pensando desta forma, podemos investir em ações de empresas que pertencem a estes setores, porém existem também Investimentos Alternativos que se apropriam indiretamente do crescimento das empresas e por isto podem gerar retornos até maiores e com muito menos risco do que se colocássemos todos os nossos recursos em um fundo de renda variável simplesmente.
Ativos Alternativos formam uma composição ideal ao investimento em ações porque reduzem o risco composto dos portfólios e aumentam a previsibilidade dos retornos de longo prazo mesmo se apropriando de ganhos principalmente relacionados à operação de empresas como eficiência, alavancagem, aumento de vendas, redução de estoques, e afins.
A lógica é que com juros baixos e previsibilidade, companhias modernas podem crescer investindo diretamente em sua operação principal permitindo que investidores especializados fiquem responsáveis pelos seus imóveis, projetando-os, construindo-os e alugando-os para elas durante seu crescimento.
Também ficam responsáveis por todo o controle de manutenção aumentando relevantemente a vida útil e valorização do bem no longo prazo. Os ganhos com a desmobilização permitem também que custos fixos como depreciação e manutenção de imóveis tornem-se variáveis, e várias despesas relacionadas a atividades paralelas ao foco da empresa sejam reduzidas.
A quantidade de ativos imobilizados reduz, é verdade, mas ter uma empresa cuja maior parte de seu valor está em ativos imobilizados só faz sentido em economias inflacionárias ou em empresas cujo foco seja puramente a exploração imobiliária. O que na grande maioria das vezes não é o caso.
O ganho de longo prazo é composto de diversas variáveis, pois é indiretamente atrelado ao risco da empresa locatária, o que nos dias de hoje pode representar muito mais retorno com muito menos risco, além da valorização pura do imóvel, se for feito com inteligência por uma equipe especializada.
O escritor Mark Twain tinha uma frase excelente que pode ser usada no momento de mercado que vivemos hoje: “se todos os nossos problemas se resumem a um martelo, todas as nossas soluções se resumirão a um prego”. O mercado de ações hoje, é o martelo que todos utilizam para ganhar mais performance no longo prazo. Mas nem todas as perguntas podem ser respondidas através dele.
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