Eu não costumo gostar do relatório de gestão da Skopos. Também não gosto do fundo deles. E nem da forma como aplicam a estratégia. Mas a Carta do Gestor de dezembro de 2009, lançada agora em janeiro, tem um trecho bastante interessante que vou reproduzir aqui.
Bem sintético e de uma verdade quase cortante, que sentimos na pele. Em suma, o otimismo está exagerado e não tem nada a ver com fundamento. É isto que importa.
Estabilização cambial na China derruba juros nos EUA que libera liquidez que investe no Brasil e na China, que derruba o dólar aqui e aumentam as reservas na China que voltam a pressionar para baixo os juros americanos, realimentado o ciclo.
Obviamente existe um limite para esse movimento. A adoção do IOF, como primeira medida de controle de capitais mostra o desconforto do governo brasileiro com esse processo. Isso pode ser o primeiro passo aqui, e, outros países podem fazer o mesmo.
Enquanto não o fazem, paralelamente ao movimento anti-dólar, as correlações cresceram inclusive a de ativos nos EUA. A correlação entre o dólar e o S&P ficou negativa. Além de ativos em países emergentes, esses recursos também compraram ouro, commodities e o que se vê claramente é uma perigosa sincronização de mercados guiados pelos fluxos de capital financeiro.
No Brasil, muita gente confundiu esse movimento com a solidez dos “fundamentos” da nossa economia. Desde setembro a correlação entre ouro e Ibovespa está em 92%. E isso também se justifica pela composição do nosso mercado, muito concentrado em commodities. Claramente o Ibovespa não é uma boa Proxy da economia brasileira. Sendo assim, avaliar o sucesso ou fracasso do país pelo desempenho da bolsa pode dar uma falsa sensação da realidade.
O excesso de concentração de setores ligados a commodities e de cíclicos torna nosso mercado muito mais dependente de fatores globais. Se tivermos que fazer alguma previsão é a de que as commodities serão menos importantes daqui a 9 anos do que são hoje. Em 2000, muito se falava nas empresas da nova economia e nosso índice tinha 50% de empresas de Telecom. Ironicamente, foi justamente as empresas ligadas às origens da revolução industrial que tiveram a melhor performance.
Muito mais importante que tentar adivinhar qual será o valor do índice no futuro, é tentar investir nas empresas que serão importantes no futuro e ainda não estão no radar dos investidores hoje.
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