A nova onda do mercado

Mais importante do que ficar repetindo frases e pensamentos melancólicos de como o mercado era antes e quando irá voltar ao que era, acho que o melhor exercício para se fazer neste momento é entender o que acontecerá com as empresas se o mundo de fato, começar uma nova onda.

Passamos 5 anos em crescimento mundial ininterrupto. Parecia a época da internet que todos diziam que desta vez era diferente. Nunca é. A economia, por causa de expansões pontuais em suas diversas variáveis, vive em ciclos, em bolhas que crescem e estouram.

O mundo está mais rápido e por isto, estas bolhas têm acontecido mais rapidamente. Há mais dinheiro girando e por isto, os níveis de exposição à riscos sempre tem recordes batidos. Talvez agora, de tão claro que ficou, estes níveis de alavacagem serão controlados com mais rigor. Não acredito. Já havia acontecido antes com a quebra do LTCM (ver post abaixo) e nada fora feito quanto a isto.

Mas então, o que está mudando no mundo (...)

Junto com o maior controle dos níveis de leverage, passaremos por um período de adaptação a uma nova ordem. Esta ordem será efeito também da menor quantidade de moeda em circulação, diminuindo os níveis globais de empréstimo, o que reduzirá a demanda.

Em poucas palavras, começaremos a andar mais lentamente de novo e isto terá reflexos no crescimento das empresas, investimentos e custos de produção. Isto será ruim (...) não necessariamente.

Se iniciarmos este novo período com a cabeça e hábitos do período anterior, demorará mais para nos acostumarmos. Caso contrário, poderemos colher frutos enormes se entendermos que uma economia diferente exige um pensamento diferente e uma abordagem mais holística sobre o uso correto do dinheiro do acionista.

Sem crédito farto, será preciso dar mais ênfase ao capital realmente gerado pelas companhias (free cash flow). Elas precisarão dele para seus planos de crescimento. Como dito em alguns relatórios

passaremos por um período de desaceleração em alguns setores, mas com falta de crédito em quase todos.

Quem conseguir gerar caixa para seu próprio proveito tenderá a se sair melhor que os demais. Terá mais flexibilidade. Horrível é entrar em 2009 precisando de crédito. Que empresas estão nesta situação (...)

Com os preços das commodities reduzindo (antecipando uma desaceleração mundial e queda no consumo), cai também o poder inflacionário que estes preços geram em economias com o Brasil, no caso das agrícolas, e nos EUA, no caso do petróleo e de agrícolas. A desaceleração do mundo gerará um redução da demanda de forma geral e com a quantidade de investimentos feitos nos últimos anos que visavam uma produção maior (e estão entrando em operação em 2009), algumas empresas de setores relacionados a commodities e siderúgicas terão um incremento relevante de seu custo marginal de produção, visto que faltarão compradores.

Este é o estopim para um ambiente inflacionário. Se somarmos a isto o medo que os bancos centrais da Europa e dos EUA estão com a queda no consumo, teremos um ambiente inflacionário sobreposto a um de taxas de juros muito baixas. Estados Unidos já estão com 1% ao ano, Japão 0,3% ao ano e Europa, em breve terá que baixar também para tentar segurar o ambiente recessivo que se aproxima.

Sa política monetária serve para segurar inflação e os países precisam reduzí-la para evitar uma recessão, o que nos salvará (...)

Tenho uma certa convicção de que o Brasil.

Juros eternamente altos, inflação controlada, sistema bancário sólido, economia interna pujante e crescente, mercado de crédito que irá se deprimir, mas mesmo assim apresentará crescimento (o Lula não vai deixar faltar crédito para o mercado imobliário, pelo menos). Tenho um bom pressentimento para 2009, porque além disso, não acho que o câmbio voltará ao patamar de 1,60, favorercendo os exportadores.

Seremos finalmente o país foco dos investimento do mundo, pois aqui será o único lugar onde haverá de fato crescimento com juros atrativos para carry trade e empresas que possuem um mercado próprio para explorar.

DEUS QUEIRA !!!