sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Testando os limites non-sense 1

Uma questão pouco discutida ainda no mercado é o negócio de rebate que fundos pagam aos distribuidores. Tudo bem que nos EUA é assim também; mas certamente um erro não justifica outro. 

Este é um assunto longo que certamente voltarei em outras oportunidades. Pretendo somente começá-lo hoje. Qual é o real benefício de um fundo ter como parceiros comercias distribuidores que são remunerados pelo próprio fundo e não pelo clientes para quem ele presta o serviço de alocação ? 

É um caso típico de incentivo econômico invertido e realmente não sei como isto dura tanto tempo sem ser regulado. Não entendo como clientes sentem-se confortáveis com este tipo de relacionamento onde apesar de um serviço qualifcado ser prestado para o próprio cliente, nada ele precisa pagar, pois a remuneração do alocador vem do fundo que o cliente aplica. Por indicação do alocador. Será que o alocador indica os melhores fundos ou os fundos que ele possui maior rebate ? A questão é nem responder a esta pergunta mas conviver com ela permenentemente e manter um relacionamento comercial com esta premissa. 

É no mínimo um enorme, imenso conflito de interesse. E quem perde ? 

Esta resposta é fácil: sempre o fundo. Em alguns momentos, o cliente. Nunca o alocador ou distribuidor. Mais uma prova de que a relação é desbalanceada. 

Para quem está no começo e precisa captar dinheiro à qualquer custo, realmente esta análise não interessa. Mas para quem está estabelecido, tem um histórico sólido e um relacionamnento maduro com clientes, é um terror não ter um relacionamnento direto com eles e ser forçado a incorporar um distribuidor no meio do processo. 

No mínimo, esta intervenção filtra a informação passada, elimina a verdade original e a transforma em factóides que podem ser usados contra ou a favor do cliente de acordo com o humor do alocador ou o relacionamento pessoal que ele tem com a empresa que gere o fundo.  Em resumo, o distribuidor manipula a percepção do cliente sobre o mercado e sobre os fundos. 

Sem dúvida todo e qualquer negócio que tem como base de receita a intermediação financeira tende a desaparecer no longo prazo. No mundo de hoje, intermediários tem tanto acesso à informação quanto as pontas interessadas. O meio do caminho entretanto é haver uma regulamentação cada mais restritiva a este tipo de profissão de forma a melhorar eficiência do mercado como um todo. Sem dúvida, o nível de eficiência econômica de uma nação pode ser medida pela quantidade de intermediários entre o produtor de riqueza e seu consumidro final. 

É exatamente por isto que o tal "rebate", distorce a lógica tanto econômica, quanto mercadológica pois o distribuidor trabalha para o cliente e presta contas para ele, mas recebe e é remunerado pelos fundos que o cliente aplica. Para o qual se nega a prestar contas e ir contra os desejos e interesses dos clientes. 

Estranho isto, né !!

Se me contassem ia dizer que não era possível a existência de tal mercado. Mas hoje o mercado de fundos funciona assim. 

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