Fui ontem à Bienal do livro.
Sem dúvida o estande mais legal era da Panini com suas estórias em quadrinhos. Comprei clássicos do Lanterna Verde e do Batman. Passei a maior parte do tempo lá ao lado das crianças pasmas ao verem um boneco enorme do Hulk ou os desenhos incríveis do mais autêntico criador deste herói Frank Miller.
Fui nas outras editoras. Andei por quase tudo e vi sempre do mesmo. Alguém mais letrado poderia dizer que todas foram vencidas pelo apelo do tema auto-ajuda. Mas eu acho que não. Todas as editoras, para se manterem vivas se adequaram ao leitor brasileiro: iletrado, ignóbil e carente do básico. Alguns podem dizer que o básico seria ler Crime & Castigo ou Érico Veríssimo.
Para estas pessoas, o básico são manuais de auto-ajuda para escrever português, interpretar textos, comunicar-se sem gírias, fazer contas básicas para controlar o orçamento doméstico, lidar com o chefe abusivo e por aí vai. Formas fáceis e certamente inócuas mas que cativam a grande massa que vi ontem na Bienal. E as editoras, para não morrerem foram laçadas por este tipo de leitor ávido pelo básico, pelo BE-Á-BA. Nem chegaram ainda à literatura propriamente dita. O que dizer das artes de modo geral.
Precisam e querem bem menos. Querem o arroz com feijão. Não chegaram nem na vitela e muito menos no ovo pochet. Não sabem o que é isto e, até onde vi, estão tão longe de saber que é quase como um universo paralelo.
Fiquei abismado com o nível das pessoas que passaram por mim. Não eram leitores. Estavam lá não pelos livros, mas pelo programa. Pelo "ir a algum lugar". Menos mal. "Antes isto do que uma bienal vazia", poderiam dizer alguns.
Mas não deixa de ser deprimente. Muitas pessoas embasbacadas com temas rasos e comprando livros de auto-ajuda, e eu que passei algumas horas por lá perambulando os ouvindo conversar quase como animais. Diálogos confusos, cheios de erros de português, concordâncias verbais inexistentes, o que dizer das nominais ? Gírias em excesso e muito pouca, muito pouca mesmo informação passada com clareza e inteligência.
Pena do nosso povo. Pena do país que moro.
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