quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Férias

Existem questões com relação ao trabalho que são difíceis de explicar. Uma delas é a definição e necessidade de férias. 

Não é segredo que o bom trabalho, aquele que nos complementa, que nos coloca no lugar do mundo que parece pertencermos - como diria Aristóteles - é algo muito incomum e por isto, tem um valor enorme para uma vida saudável. O efeito colateral disto é quando não sentimos a necessidade de sair de férias, gozá-las por assim dizer, reduzindo nossa exposição à família. 

É a primeira vez nestes 3 anos que resolvi ficar 10 dias na praia com eles. Não é fácil. A convivência familiar tem uma dinâmica própria que por eu estar na maior parte dos dias longe, é quaise uma nova teoria organizacional que preciso aprender para melhor conviver com eles. 

A dinâmica de ficar quieto, lendo e andar de bicicleta funciona. Mas não é a melhor premissa, afinal, se estamos todos juntos, que juntos fiquemos e nos aproveitemos da companhia de nós mesmo, mesmo que para algumas situações eu me sentir um estranho invasor quando vejo a ofrma harmônica - ou quase - entre mão e filhos, acostumados a conviver diariamente e mais do que isto, acostumados com seus defeitos, sincronismos e formas de interagir. 

Mas nada muito traumático de se acostumar se observarmos. Estou tendo ótimos momentos com meus filhos. Inclusive alguns pensamentos que me vêem a mente sobre a necessidade do casamento depois que os filhos tornam-se entes independentes. É muito divertido lidar com eles, brincar na piscina, andar de bicicleta e ver como se movem pelo mundo em suas determinadas fases de vida. 

É evidente que o papel da mãe vai se tornando cada dia menos relevante, apesar de ser uma referência constante. "Onde está minha mãe ?" é sem dúvida a frase mais falada da semana, e muito acima do segundo lugar. E a parte legla é que na maioria das vezes eu não tenho a menor idéia, afinal, se nao controlo o paradeiro da moçoila durante a semana, pois nao estou em casa, por que raios iria fazê-lo nas férias ? Eu de fato não sei, mas com a diferença que desta vêz as caras de total espanto surgem repetinamente pela minha resposta sem tirar o olho do jornal. É como se estivesse faltando uma parte de seus lobos cerebrais e não somente uma outra pessoa que às vezes também precisa ficar sozinha. 

Trazer uma equipe de ajudantes, sem menosprezar o verbo, ajuda bem. A galera demanda pacas. Praia, comida, lanche, passeio, lanche, piscina, bebifas, lanche. Vai comer assim o dia inteiro lá longe. Os 2 comem o dia todo e depois reclama na hora das refeições formais que não querem comer. Por que será ? 

Minha capacidade de comendo também é questionável em férias como está. Aquela figura do pai poderoso, unico que manda e desmanda colocando ordem na bagunça parece mais algo de filme dos ano 50 do que realidade. Posso até impor um personagem mais autoritário, mas a repercussão vem a galope, pois depois disso nada de brincadeiras, ver TV junto, conversas ou andar de bike. Colocam-me no gelo. E dá-lhe IPAD. 

Em suma, a experiência é divertida e no mínimo nos ensina a sermos humildes. Humildes com a dinâmica de família onde ninguém obedece você ou te respeita por vc ser quem é. É uma eterna construção de relação e confiança que é facilmente abalada por uma manhã de mal humor, mas deliciosa quando eles passam a considerá-lo parte do time. claro, porque o time oficial é filhos e mãe. Eu, como pai, inicio sendo o reserva do bandeirinha e preciso calmamente galgar minhas posições desde a base. 

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