Ontem voltei da ilha de Fernando de Noronha. Perdi as contas de quantas vezes me programei para ir e acabei não conseguindo me organizar para tanto. O melhor mês do ano, quando as águas estão mais claras, é em setembro. A questão é que existem 4 pousadas boas lá e a que eu queria ficar não aceitava crianças com menos de 10 anos. E muitos mais turistas querendo ir do que quartos disponíveis.
Mesmo com a limitação de pessoas imposta pelo governo na ilha. Que por sinal, não acho que funcione, pois o controle é muito porco. Dúvido que do jeito que fazem tenham capacidade de bloquear alguém que esteja chegando por excesso de contigente. Mas ok .... vamos acreditar que eles cuidam disto, pois sinceramente, deveriam.
Claro que deixava para saber se poderia sair em setembrpo no mês anterior, agosto, e as passagens então estavam caríssimas, as pousadas lotadas e a logística toda era mais complexa além de ser mais cara. Por isto, neste ano resolvi acabar com esta pendência logo depois do ano novo e fechei a viagem em janeiro.
Paguei tudo .. hotel e passagens. Avisei na empresa e bloqueei a agenda de todos em janeiro, os dias que ficaria fora em setembro para não ter xabu. Me programei para fazer um curso de mergulho, fui ver preço e tudo mais... mas acabou não acontecendo. Muito trampo todos os dias a noite por uma semana ou sábado o dia inteiro. E preguiça master, claro.
E no final, ainda bem que não o fiz, pois pegando jacaré em uma das praias de onda lá de Noronha, Cacimba do Padre, onde tem até uma das competições do campeonato mundial de Surfe, bati a perna quase chegando na areia em um pedaço de pedra no meio do mar. Estou com a coxa direita praticamente toda preta do hematoma. A dor foi enorme, mas achei que tinha raspado em um torrão de areia. Pedra é meio demais, pois imaginei que poderia ter me machucado muito mais. Mas foi pedra mesmo. Ainda bem que que ela continua aqui, grudada no meu quadril.
Bem, com este hematoma exatamente na perna que tenho o ligamento rompido, a chance de carregar um cilindro de oxigênio andando com pé de pato é quase zero. Por isto cancelei o mergulho de cilindro lá. Farei agora o curso aqui em São Paulo com calma, e voltarei a Noronha mais determinado a mergulhar do que desta vez.
O lugar é realmente incrível e recomendarei a todas as pessoas que querem conhecer um pouco mais do Brasil não deixar de ir. Tudo preservado pelo ICMBio e IBAMA de um jeito bastante sério, quase xiita. Ficou pior para os moradores depois que grande parte dos parques, piscinas naturais e pontos de mergulho foram destinados somente a preservação e pesquisa. Muito necessário, entretanto, tendo em vista nossa capacidade de destruir tudo que colocamos a mão.
Mesmo assim, tem muita coisa para fazer, muita praia bonita para visitar e muito passeio de buggy (aluguei um a semana toda) e por incrivel que pareça muito restaurante bom para comer. Em suma, um programa daqueles inesquecíveis. Tenho certeza que o PH não vai esquecer nunca mais esta nossa viagem, pois ficou inundado de fotos incríveis que tiramos, natureza, mar, vento, areia, ondas, peixes lindos, arraias e tartarugas nadando entre a gente sem o menor problema. Imagine esta experiência para um menino de 7 anos.
Eu fiquei maravilhado com a beleza do lugar, a tranquilidade das pessoas e a vida eco-responsável que todos que moram lá possuem. Sem stress, preservando o que existe e ensinando os turistas o real valor de ter aquele santuário sem vendedores de queijo qualho na praia, amendoim torrado, canga e saída de praia. Nada de barulho a não ser o som das ondas do mar batendo nas pedras. Tubarões se alimentando muito calmamente no rasinho sem nem olhar para você (ainda bem !!). E são grandes .. vimos tubarões de 2m de comprimento sem muito procurar. E claro, vimos os golfinhos. Tirando o chavão de "que lindos !!!", são realmente muito bonitos e vê-los nadando ao lado da embarcação é emocionante.
É um ensinamento enorme para nós moradores de cidades grandes poluídas e barulhentas. É uma lição de humildade sobre a interação do ser humano com o ecossitema que o criou. Nos sentimos parte do todo em Noronha, parte da cadeia alimentar, do ciclo da vida. Um sentimento que há muito tempo não sentia. Um real sentimento de interdependência entre os seres vivos, a natureza e nossas ações diárias.
Voltei renovado e mais feliz. A cidade grande, cinza e de concreto nos consome algo que só percebemos quando voltamos à natureza. Estão certas as pessoas que lutam pela preservação tendo como visão que não conseguiríamos viver sem lugares como Noronha. E só sentimos isto quando vamos para lá, olhamos o mar e nadamos ao lado de uma tartaruga mais velha que você. É uma lição de humildade.
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