Este é um dos melhores livros que já li.
Não só porque me ensinou muito sobre questões bastante propagadas no mercado financeiro como risco, genialidade e ego, como também como gerir meu próprio negócio.
Muito poucos sabem que o LTCM tinha entre seus sócios, além de John Merriwether, a estrela ascendente da Salomon Brothers na década de 90, os ganhadores do Nobel de Economia de 1997 Fisher Black, Robert Merton e Myron Sholes que inicialmente apresentaram a fórmula de Black-Scholes em um artigo em 1973, "The Pricing of Options and Corporate Liabilities". O conceito fundamental de Black-Scholes é que uma opção é implicitamente precificada se a ação é negociada.
Este livro conta a história da primeira grande quebra monstruosa do mercado financeiro com Hedge Funds ocorrida em 1997 com o fundo LONG TERM CAPITAL MANAGEMENT, que através de modelos de precificação de riscos em opções líquidas, alavancaram seu fundo em mais de 30x, ficando expostos em de USD 100 bi.
Claro que que quando o mercado balançou em 1997 com a crise da Ásia o fundo literalmente foi pro saco, virou pó.
Mais interessante é que aqui no Brasil diversos alocadores de recursos utilizam o modelo de BS para analisarem e precificarem ativos. Mesmo sabendo que este modelo tem enormes falhas de conceito e que suas premissas não refletem nem o mercado americano (pois era somente para opções européias), e muito menos o mercado brasileiro. John Merriwether inclusive, depois da quebra do LTCM, abriu outro fundo, que alguns anos depois quebrou também. E Myron Scholes, sim, o cara do Nobel, também e adivinhem ? Quebrou de novo também em 2008.
E por que as pessoas não param de usar o modelo de Black & Sholes e mandam devolver o Nobel ? Não sei também
Este livro conta não só a soberba de seus fundadores e suas crenças em modelos de risco pouco confiáveis, como todo o processo de quebra e de resgate que, derivado de seu tamanho e exposição, foi um vortex de problemas para todo o sistema e por isto, a operação de socorro fora compartilhada entre diversos bancos de investimento; e até Warren Buffet entrou no jogo querendo comprar o que havia sobrado da empresa.
A história recente conta inclusive que na época o Bear Sterns não quis ajudar o LTCM e que por isto, em 2008, quando o Bear Sterns se afogou com suas operações de subprime, os outros bancos o deixaram quebrar por causa disto. Quem não ajuda, não será ajudado. Um pouco desta história, em outro contexto, mas entendível para quem conhece as histórias de mercado, apareceu no filme Wall Street 2 – Money Never Sleeps, quando o banco do empregador de Shea LaBeouf foi deixado quebrar por uma rusga do passado onde seu CEO não quis ajudar um “companheiro”.
É um baita livro com uma história real e incrível sobre ganância, e todos os outros pecados capitais em proporções exponenciais. Foi o começo da era dos Hedge Funds e seus gestores nababescos. É um livro que deveria ser leitura obrigatória em faculdades, na cadeira de finaças e na cadeira de gestão.
Diferente do Brasil, onde qualquer trader meia-boca-zé-mané vira gestor, nos EUA, somente os caras ultra-high é que saíam dos bancos de investimento e conseguiam capitalizar seus Hedge Funds. Currículos extraordinários são comuns nestes fundos e nem por isto, deixaram de sofrer com as crises. O que mostra que currículo demais neste nosso negócio talvez atrapalhe mais do que ajude.
Eu o havia lido em inglês. E fiquei maravilhado. Ontem passeando pela livria Cultura achei a versão traduzida. Que nem sabia que existia. Sem dúvida o lerei de novo.
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