Esqueci de colocar esta foto quando voltava de NY mês passado.
Aeroporto JFK, vôo para o Brasil. Portanto, muitos brasileiros. Lá fora, chuva. Muita chuva. Mas não muito frio.
Eu estava calmamente esperando a hora de embarcar. Brasileiro, que gosta de fila, já estava fazendo uma pequena bagunça na frente do portão de embarque. Esta necessidade dos brasileiros de seguirem uma linha imaginária deve ter algo a ver com um inconsciente coletivo, do período da escravatura. Muitas vezes nota-se que o pessoal nem sabe porque está lá ou esperando pelo quê. Muitos furando, outros se amontoando meia hora antes. Mas lá estão, na fila.
A danada que começou pelo menos 30 minutos antes do embarque foi aumentando aos poucos, pois uns olhavam pros outros e achavam que algo estava ocorrendo e por isto, deviam também ir para fila. Nada acontecia entretanto. Mas a fila aumentava, como que por metástase.
As pessoas levantando-se e dirigiam-se a uma pseudolinha reta que pensando bem, nem estava na frente do corredor de embarque.
O fato é que em voo internacional - pelo menos até onde sei - segue um padrão de embarque pré-determinado, mesmo para companhias aéreas de outros países. Primeiro vai a primeira classe, depois executiva, depois idosos, grávidas, crianças. Logo após vai o pessoal do fundo, depois meio e por último, as primeiras fileiras da classe econômica.
Se a regra é esta, o que adianta fazer uma fila nem que seja 5 minutos antes ? Alguém por acaso acha que o avião vai partir sem você, mesmo tendo feito o check in e estando sentado na frente do portão ? Unlikely.
Aparentemente, porém, muita gente pensa que sim, vai ficar de fora. No limite é uma situação de quase pânico onde todos só ficam preocupados com eles mesmos, sem perceberem que existe um grupo, uma comunidade de passageiros, que possuem os mesmos objetivos e por isto, não adianta pensar só em si mesmo, mas no grupo. Caso contrário, não funciona.
Já ouvi isto antes ? Sim, claro. Esta é a base do Equilibrio de Nash. Economia e Teoria dos Jogos. Valeu um Nobel. E além de brilahnte, de fato funciona. Afinal, se todos resolverem entrar no avião na mesma hora, ninguém passará pela porta.
Bem, faltando 5 minutos a baderna era generalizada. Claro que não tinha mais fila, nem linha ou algo que lembrasse uma certa ordem. Era só um bolo de gente querendo entrar logo no avião. sendo que ninguém ali sabia se pelo menos ele estava em solo já. E eu, pacientemente, fiquei sentado olhando tudo isto acontecer. Sozinho. Mudo e pasmo com a falta de inteligência que o coletivo constrói aos poucos.
Tive que tirar uma foto do arranjo final, faltando uns 5 minutos para a chamada oficial do embarque no portão A4.
Depois que o pessoal da TAM não conseguiu controlar a caterva, veio uma voz em inglês dizendo que o embarque estava suspenso até que uma fila organizada, e seguindo as regras internacionais da aviação, fosse feita. O embarque atrasou quase 20 minutos porque claro, quase ninguém entendeu o que a voz em inglês disse e por isto, ninguém saiu da fila. As meninas da TAM, mexicanas e americanas, tentavam em vão organizar o embarque.
Foram 10 minutos de uns olhando para os outros se perguntando o que estava havendo. Ouvi até dizerem que tinha suspeita de bomba no avião …. hahahahaha. Tem que rir, para não chorar.
Claro que no final, tudo acabou bem. Perceberam que algo estava errado e não era com o avião e nem com o aeroporto, mas com eles. O pessoal foi dissipando, e as aeromoças voltaram e começaram a chamar organizadamente para o embarque. Quase 30 minutos depois.
Fico pensando que a Olimpíada será aqui. E a Copa do Mundo. E o Lula ganhou em 2009 a Personalidade do Ano. Quando uma coisa destas acontece é sinal de que realmente, o mundo está carente de lideranças e novos lugares. Se isto significa que o Brasil deva ter uma chance, prefiro ficar com os antigos.
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