Existem passagens em filmes que acabam marcando de uma forma quase indelével nossa maneira de ver o mundo. A passagem do filme “O Advogado do Diabo” com Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron é uma destas.
Comprei o filme há alguns anos e de tempos em tempos preciso revê-lo para realinhar meus conceitos. É um filme que parece leve, sobre um tema bobinho do bem contra o mal, do diabo contra Deus. Mas não é.
Pelo menos para mim, trata de um assunto bem mais líquido do que esta bipolaridade ridícula só interessante à igreja e aos menos privilegiados da percepção da existência do meio, do cinza, do nublado.
Não existe bem ou mal da forma como é ensinado para nós. Estas duas formas de ver o mundo coexistem dentro do mesmo ser, lutando para serem aceitas a todo momento. É uma luta intensa, que nunca começa e nunca termina porque sempre esteve lá. Tão infinita quanto o universo, e tão escura quando um buraco negro.
Algumas vezes é simplificada para se tentar definir qual é a Natureza Humana, tema de tantos filósofos ao longo dos anos. Na minha opinião é algo indefinível e sem solução.
Faz parte da mesma resposta a genialidade de John Nash, quando desenvolveu uma teoria econômica que destruiu 150 anos de Adam Smith (1) e todas as maldades que fazia com sua esposa, filho e todos em sua volta (no livro da Sylvia Nassar e não no filme de Ron Howard). Ou de Einstein, que com sua Teoria da Relatividade reinventou a física de Isaac Newton, e ao mesmo tempo fez parte do Projeto Manhattan, juntamente com Oppenheimer, na construção da bomba atômica.
Mesmo que os exemplos acima não exemplifiquem bem o resto do texto e nem o trecho do filme citado. Não é sobre o Bem Coletivizado que estava falando, nem sobre o Mal nesta mesma forma. Mas foram os exemplos que apareceram na minha cabeça enquanto escrevia. Vou deixá-los aí mesmo.
Em resumo, esta bipolaridade não existe. Somos ambos e ao mesmo tempo não somos nenhum. Vemos o Mal nos outros e o Bem em nós mesmos sem perceber que só o reconhecemos nos outros, porque também o somos.
(1) depois de ter escrito no “Riqueza das Nações” que na economia cada um deve fazer o que é melhor para si mesmo e Nash, incluiu em sua teoria do equilibrio - “Equilibrio de Nash” – “… para si mesmo e para o grupo”.
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