Não é segredo que em um mercado turbulento e insípido como o que estamos passando em 2008, um fundo que está com mais de 150% de ganho tem algo estranho.
Não digo estranho de desonesto. Longe disto. Estranho com relação aos padrões aceitáveis de risco-retorno que um produto financeiro para o semi-varejo (aplicações mínimas de R$ 10.000) devem ter. Bolsa caindo 40% no ano, inflação subindo, commodities despencando e um fundo hiper-alavancado com mais de 150% no ano.
Isto suplanta o chavão natural do mercado financeiro em casos semelhantes de que "são gênios". Nada mais pé no chão do que lembrar dos gênios efetivos, com Nobel e tudo, do LTCM que quebrou em 1998, depois de 4 anos fantásticos. Chegaram a dar 52% de alta em um ano cujos juros amercanos eram próximos a 3% ao ano.
A mágica era uma alavacagem média de 32x o patrimônio do fundo, isto é, com USD 5 bi de patrimônio, estavam expostos em derivativos e ao mercado em USD 160 bi. Claro .. isto justificado pelo nível dos spreads que eram tão baixos que para gerarem algum retorno, a alavacagem ERA FUNDAMENTAL.
A mágica da alavancagem é o que transforma sapos em príncipes do mercado financeiro que, na maioria das vezes, são transformados em pó cósmico de repente depois de um estalar de dedos.
Não acredito em mágica, nem em Papai-Noel e muito menos em fundos que dão 150% de alta em um ano como 2008 sem assumirem riscos totalmente assimétricos ao retorno gerado.
Bem, mais uma vez e desta vez, mais contundente ainda, estes gestores saíram na Isto É Dinheiro desta semana. Vamos ver quanto tempo demoram para quebrar afinal, o truque da alavancagem também funciona pros dois lados ou quando o mágico perde o pé .... o fundo virá do avesso em 24 horas e ninguém sabe de onde veio o caminhão que os atropelou.
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