
Incrível, mas o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos acabou de ser pulverizado pelo mercado de hipotecas.
Sou completamente à favor do livre mercado, mas não muito da livre regulação. Não acho e nem acredito que os agentes financeiros tenham capacidade de se autoregular à ponto de não se autofagocitarem no médio prazo. A força do capitalismo é tão intensa que é como uma população de ratos confinados sem comida. Depois de um tempo, viram canibais comendo a si mesmos.
A prova disto é a crise que está acontecendo nos EUA: excesso de auto-regulamentação do próprio sistema e níveis de alavancagem gigantes. Parece novidade mas não é. Mudou o mercado somente. A crise da Ásia foi exatamente isto mas em proporções mais limitadas, pois foi um excesso de alavacagem em titulos de dívida de emergentes, os Bradys. Agora, é um excesso de alavacagem no mercado imobiliário. Muda-se o doente, mas ainda o matamos por excesso de remédios.
A alavacagem de mercados é uma boa coisa pois facilita que os negócios saiam com menos capital empregado, permite que haja fluxo transitante de capitais, abre mercados até antes fechados pela falta de crédito, permite que mais gente tenha acesso à titulos, rentabilidades diversas e formas de investimentos. Mas existe um limite, uma fronteira eficiente para que isto não vire uma tsunami contra quem usa.

Por que não se define uma regra geral para todos os mercados onde se arbitra quanto se pode alavancar em cada um ?
Não acho que deva proibir o uso de alavancagem, pois tem investidor para tudo, mas deveria haver um sistema de balança, de equilibrio onde quanto mais se alavanca em um certo mercado, mais se necessita de margem para cobertura diária. Não só de forma absoluta como é hoje (que já vimos que não muda nada), mas percentualmente ao multiplo alavancante (se é que existe esta palavra ...)
Se o cara está alavancado 3x, a margem é suponhamos, 30% do contrato; se está 6x é 70% do contrato; aumentando desprocionalmente a proteção em caso de risco de inadimplência ou mudança brusca de mercado.
Claro que depois que acontece e falando comigo mesmo neste blog qualquer problema teria uma solução simples que ninguém pensou antes. Tipo análise gráfica, sabe ? Depois que passa, era óóóóóbvio !!!
Claro que existem falhas, mas será que para cada uma delas precisamos ter quebras e quebras de instituições ? É um baita dano para a economia americana. Menos do que se fosse um banco de varejo, mas um baita dano. De 5 grandes bancos de investimento sobraram 2.
Em tempo, a Merril Lynch foi vendida ao Bank of America. Não estava quebrada. Foi vendida por USD 50 bi, isto é 80% de prêmio sob o último valor de cotação em bolsa. Certamente se toda esta quebradeira estivesse pautada nos bancos de varejo, o FED e a SEC estariam mais dispostos a ajudar. Mas só nos de atacado ....

É como um PROER. O raciocínio é se o dano de não se fazer nada ultrapassar em muito o custo monetário para se fazer algo, libera-se ajuda para o sistema não entrar em colapso. Mas no varejo. No atacado, meio que foda-se ... deixa quebrar. À princípio o dano é sempre menor. E é isto que estão fazendo. Bear Sterns, entra na mesma linha de raciocínio. O dinheiro foi pro JP (varejo), para assumir o Bear (atacado). Ajuda a estes bancos de investimento, não vejo .... acho que não vai ter.
Próximas vitimas ?
Sim, existem. Começando pela AIG e Western Mutual, indo para os hedge funds. Estes, acho que ainda poucos quebraram. Vai ter mais chuva de pica por aí .... abram seus guarda-chuvas.
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