domingo, 1 de maio de 2011

COMER ANIMAIS – Jonathan Safran Foer

jsfSemana passada, depois de 30 dias corridos, terminei o livro acima.

Este escritor é um dos recentes iluminados americanos, da nova safra de bons e jovens escritores que tem publicado títulos fenomenais nos últimos anos. Este é o terceiro livro dele. Não li os outros dois, chamados algo como “Incrivelmente perto e extremamente alto” e “Tudo é iluminado”.

Este livro foi produto do nascimento de seu primeiro filho. Sendo um vegetariano, ele queria explicar com mais substãncia e conhecimento de causa o porquê de sua decisão de não comer animais, no mais amplo sentido. O fato de ser judeu praticante já é um impediditivo por causa da comida kosher. Mas não o suficiente, em sua visão.

O objetivo é nobre e sua disposição de fazê-lo por seu filho, mais ainda. De fato é um tema pra lá de controlverso e possui material para nada menos do que um século de conversas.

Meu interesse pelo livro não é porque sou vegetariano. Porque não o sou. Mas porque estávamos estudando um frigorífico industrial para comprar ações para nosso fundos e fiquei intrigado pelo produto base desta empresa, que é a vida animal e seus subprodutos.

Fiquei intrigado em como as pessoas lidavam com o fato de serem responsáveis pela morte em cadeia de milhões de animais diariamente e de tudo que isto decorre, como vísceras, sangue, sofrimento e tristeza destes bichos que para nós, compradores de supermercado, não temos a menor sensibilidade sobre o que estamos de fato comendo.

Descobri no livro que esta nossa ignorância é um estratégia dos produtores, inclusive, para que não paremos de comer carne por causa dos maus tratos. Afinal, se vemos um cachorrinho sendo mal tratado todo mundo pula na frente do agressor, coloca textos na internet e declarações no Facebook. E por que não acontece o mesmo com galinhas, porcos e vacas ?

Meu interesse em entender a dinâmica pessoal dos funcionários e donos destes campos de concentração animal e como este tipo de trabalho interfere em suas psiqués me motivou a começar e a terminar o livro. O resumo deste meu estudo de caso é que não o recomendo para ninguém.

A barbárie com que os animais são tratados para que possam vir suculentos a nossa mesa é algo que me chocou profundamente. Existem passagens no livro que nunca mais esquecerei, tenho certeza.

A falta de humanidade das criações industriais e o sofrimento impingido a estes pequenos animais que nascem e morrem muitos deles sem poder colocar as patas no chão, ou sem ver o sol nascer e mesmo sendo enganados por luzes que os fazem comer até explodir é algo que suplanta minha capacidade de entendimento da natureza humana.

Não preciso entrar aqui na minha mais profunda tese sobre o homem, pois é algo que é fácil de perceber em cinco minutos de conversa comigo. O ser humano é um horror em termos de maldade, crueldade, egoísmo e impáfia. Talvez seja por isto que achamos durante séculos que o sol girava em volta da terra ou que os cientistas acham até hoje que Deus criou somente uma vida inteligente em um universo de 200 bilhões de galaxias.

Somos geneticamente ignorantes conosco, com nossos semelhantes, com nossos filhos e por conseguinte com a natureza que nos cerca. Fazemos mal, simplesmente porque podemos. Somos arrogantes quanto ao nosso mísero e desprezível papel neste mundo e por isto, nos damos o direito de fazer o que fazemos em várias esferas do cotidiano. Uma destas esferas é a produção industrial de carne para consumo.

Assim, deixo aqui meu relato sobre um ótimo livro, profundo como um ser humano pode ser, e bem intencionado como um pai que pretende explicar sobre a carne que comemos pode ser para um filho. Mas que no final, nos leva ao mesmo lugar de sempre: ao ambiente podre que construímos para nós mesmos somente por sermos quem somos, e não podermos fugir disto, nem quando queremos.

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