sábado, 25 de setembro de 2010

FILME: Wall Street 2 – Money Never Sleeps

ws22 Fui ver a pré-estréia, na última terça-feira no Iguatemi. Se existe alguém que faria isto com este filme, certamente seria eu. Além de gostar do tema, do tipo de trabalho e do primeiro filme, precisava ver mr. Gekko 25 anos depois (o primeiro filme é de 1984).

Não posso dizer que fui surpreendido. Achei que poderia ter sido muito mais bem elaborado, como foi o primeiro filme. Oliver Stone transformou Gekko em um ladrão de galinhas, roubando sem muita estratégia ou astúcia o dinheiro que havia deixado para a filha quando foi preso, no final do primeiro filme.

Claro que isto tirou o glamour de um dos melhor vilões do cinema. Um vilão dúbio, sempre na linha fina que divide inteligência de desonestidade. Oliver Stone acabou com isto, deixando–o raso, previsível e até certo ponto, meio bobo. Aquele Gekko arrogante, soberbo e genial do primeiro filme virou um velhinho metido a besta, com cara de “me fudi” e nada genial. Roubou a filha do jeito mais fácil que podíamos esperar: fazendo-a transferir os recursos para ele, com a promessa que ele ia investir onde ela quisesse. Claaaaro !

O mocinho, Shea Labeouf, no filme tem o nome de Jake Moore. Um pirralho, sem o menor carisma e jeito de gente de mercado financeiro, que é um trader “especialista em energia”. Ah vá !!

 ws23 Ele só se dá mal no filme todo, mas a parte mais preconceituosa é sua tentativa limítrofe de destruir seu “arqui-inimigo”, Josh Brolin, o banqueiro do mal, somente através de boatos sobre uma empresa de energia. Brolin está bem no papel, muito melhor que os dois protagonistas.

Francamente …. até párece que qualquer trader, por melhor que seja, somente através de algumas ligações e idas a festas, utilizando somente o dinheiro dos clientes, poderia fazer isto. Fora que nenhum trader poderia ser “especialista em energia”. O cara opera, só isto. É um telefionista de luxo que passa o dia fazendo pitch de venda para clientes e recebendo ligações de compra ou venda. Se fosse um cara mais velho, ficaria mais crível até, mas Moore é um menino recém saído das fraldas.

Oliver Stone também abusa das referências cruzadas ao primeiro filme, como querendo mostrar quase uma re-filmagem mais moderna. Moore entra na corretora do mesmo jeito que Bud Fox e também lá, existe um cara mais velho que está deslocado dos tempos modernos. Total Deja-vu.

O encontro de Gekko e Bud Fox tambem foi de uma charlatanice ímpar. Bud depois que saiu da prisão reestruturou a Blue Star Airlines e a vendeu. Ficou milionário e não trabalha mais, vive do dinheiro que ganhou como querendo dizer, “ninguém precisa ser como você para ganhar dinheiro”. Chavão, de novo.

A melhor frase do filme é no final, quando Gordon diz com todas as letras que o negócio não é dinheiro, é a competição entre seres humanos. O que é a mais pura verdade.

Não preciso dizer que no final, porque americanos não suportam finais reais, Gordon vira um malvado-bondoso e depois de ganhar USD 1,1 bilhão usando o dinheiro roubado da filha, resolve investir os USD 100 MM na empresa de energia renovável que Moore queria que ela colocasse o dinheiro. Nada mais óbvio e raso.

Oliver Stone devia se aposentar. Depois de obras primas do cinema como Wall Street e JFK, ele perdeu o pé da história e se mostrou mais um americano preconceituoso e raso. Seus últimos filmes demonstram isto como Alexandre, o Grande, sendo mostrado como um menino mimado e gay; este filme Wall Street 2 cheio de chavões óbvios e a falsa idéia de que caras de mercado são meio mongolóides abduzidos pelo Deus-Dinheiro e para finalizar, seu documentário sobre a MARAVILHA que é a Venezuela de Chavez. Como ? sim, isto mesmo. Stone acha que na venezuela existe o modelo político econômico mais proximo do ideal. como deixam um cara desses fazer um filme sobre Wall Street ? Só em Hollywood mesmo.

ws21 Termino esta crítica sem saber o que é pior: Wall Street 2, pela sua ingenuidade, ou Oliver Stone pela sua falta de conhecimento total sobre o que está dirigindo.

Afinal, este filme poderia ser uma obra-prima do mercado financeiro moderno. De 84 para cá tivemos ganhos econômicos extraordinários, mudanças de dinheiro de mãos de uma forma avassaladora, novos setores como tecnologia que viraram o mercado de ponta cabeça, estruturas de produtos revolucionárias como os derivativos de crédito e os Hedge Funds e ainda, para dar a pitada final, tivemos algumas crises para nos mostrar o quão longe da perfeição estamos, como a de 1987 do Petróleo, de 1998 da Rússia, de 1999 da Ásia, de 2001 da Internet e de 2008, a Tsunami dos derivativos de crédito. Cadê isto tudo no filme ! Ops ….

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