sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Almoçar sozinho

Hoje fui almoçar sozinho. É raro isto. Estou sempre com clientes, família, sócios ou funcionários. Hoje fui sozinho. Peguei uma revista Fortune e fui em um restaurante um pouco melhor do que um kilo ou destes de “almoço em escala industrial”. Afinal, sozinho, porque economizar ?

Apesar de lugar comum em textos filosóficos sobre a solidão das grandes cidades, é bem dificil encontrarmos pessoas aqui em São Paulo se que colocam em situações que naturalmente são em grupo, ou em pares, sozinha. Sentem-se constrangidas, como se devêssem alguma explicação ou precisassem estar com alguém para provarem sua sociabilidade.

Nunca fui muito fã de regras socias pré-estabelecidas, mesmo porque, as pessoas em grupo costumam ficar piores do que quando estão sozinhas. A maldita auto-afirmação, compelxo de macho-alfa ou qualquer uma destas teorias sociais de colocação do eu em relação ao outro são cansativas, pois sempre exigem monitaremento constante. Tanto de nós mesmos, quanto dos que nos rodeiam.

Destas bobagens de pseudo-adequação a grupos que vem o “politicamente correto”. Na minha visão, uma das pragas da sociedade moderna. Mesmo tendo alguns desajustes de tom no meio do caminho, minha limitada compreensão não chegou ainda ao motivo de porquê as pessoas não falam a verdade ou o que sentem de forma clara e direta. Acho que evitaria muita somatização e mortes !

Socialmente é muito difícil sermos nós mesmos justamente por causa desta bobagem de aceitação pelo grupo. Nos desconstruímos moral e psicologicamente para sermos aceitos e depois, acabamos por perder nossa própria identidade. Ganhamos um lugar na sociedade e perdemos nosso lugar no mundo que queremos. A não ser que esteja redondamente errado, este é um dos motivos que causam muitos problemas psicológicos. Certamente, questões de falta de identidade acabam sendo somatizadas e viram doenças. Por que mesmo ? Qual o problema de ter ideias que a Sociedade não pactua ? Vale dizer que para cada indivíduo a sociedade é uma. É aquela que convivemos, com seus valores, manias e manuais de postura e semântica.

Quanto mais velho fico mais vejo que Schopenhauer estava certo em dizer que vivemos sob os desígnios de nossos desejos e a frustração de não realizá-los. Não é a toa que este cara era super introspectivo e não casou, não teve filhos e nem se relacionava com os outros. Esta ânsia por ser aceito é uma paranóia sem fim.

Bem, tive um almoço maravilhoso e calmo. Li uma matéria toda, almocei com tranquilidade e não senti falta de ninguém ao meu lado. Por incrível que pareça nem fiquei a tarde inteira almoçando. 45 minutos e já estava de volta. Fazia tempo que não fazia isto. Preciso fazer mais vezes.

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