segunda-feira, 30 de março de 2009

Onde estão os investidores de verdade?

Só ouvimos falar de crise e problemas. Crise dos subprimes nos Estados Unidos, bancos enormes apurando prejuízos monstruosos em seus balanços, desaceleração do dínamo de consumo americano, a GM quebrando e juros reais negativos.

De repente os fundos de investimento, as estrelas de diversos gestores independentes viraram os vilões de toda a queda. O novo herói dos aplicadores é, pasmem !!, a POUPANÇA. E isto não é piada.

ainda estamos no período de “Resgatar e depois pensar no que fazer”. Apurar as perdas e ir pro CDI … ou melhor, para a POUPANÇA. É o senso comum, a lógica limitada da unanimidade onde o conforto do consenso perturba menos do que a voz dissonante da inteligência independente.

Há mais de 5 anos entramos em um novo patamar de mercado, com diversos gestores independentes, fundos diferenciados, estratégias brilhantes de extração de volatilidade ou de valor em prol dos clientes e depois de anos, começamos a ter gestores especializados em investimentos de longo prazo, trading, opções, venture capital, quantitativos, e por ai vai. A indústria se desenvolveu por que o mercado, a regulamentação, os gestores e os produtos melhoraram.

Tudo isto, seguindo o desejo dos investidores de terem acesso a produtos mais sofisticados, com maior capacidade de ganhos e mais volatilidade. Afinal, os bancos já fazem isto há anos em suas tesourarias e são os maiores ganhadores de dinheiros do mercado. Por que não dar acesso às mesmas estratégias aos investidores?

Foi dado.

Durante os últimos anos ganhou-se tanto dinheiro que o patamar de renda e perspectivas para os fundos mudou. 12% ao ano não era mais interessante a um risco adequado. A exigência era dar 15%, 20%, 25% com a mesma volatilidade, o mesmo nível de risco. Fundos de ações que dão 25% ao ano, 35% ao ano viraram commodity. Não são bons mais. Os gestores, amparados pelo pedido dos investidores por sempre mais rentabilidade e exposição foram em frente e geraram os retornos pensando “finalmente temos um mercado maduro, com investidores que abrem mão do curto prazo em detrimento de ganhos sólidos de longo prazo, claro, assumindo mais riscos”.

Ledo engano.

Subimos um degrau no quesito risco assumido e volume transacionado. Os preços de alguns ativos se distorceram e alguns mercados ficaram sobre capitalizados no mundo todo. Devemos lembrar que no final da linha do investimento em renda variável sempre temos empresas que precisam contratar, treinar, comprar, produzir, vender, investir e apurar o resultado final. Certamente este ciclo não tem 6 meses e muitas vezes, nem um ano.

As ações caem hoje porque ninguém tem uma visão clara do que vai acontecer. E isto é ruim ? Claro que não. Nestes momentos é quando os bons investidores entram no mercado. E os ruins, com medo de perder o leitinho das crianças, saem correndo com medo do bicho papão.

Os preços das ações por causa deste movimento, mais uma vez, estão se depreciando rápido e criando enormes oportunidades. Isto já aconteceu antes, não é novidade. Por sinal, tem um texto sobre isto na Revista Superinteressante deste mês excelente.

Mas tudo está barato. Definitivamente não.

Na minha opinião, qualquer empresa relacionada a extração de commodities ainda tem um espaço enorme para voltar. Simplesmente pq todo o resto do mundo está consumindo menos e como são preços globais, não tem como fugir.

As perdas até agora para quem não saiu do mercado podem ser revertidas em ganhos extraordinários no médio prazo se os investidores que antes alardeavam-se como aptos a tomar risco mantenham-se em suas posições e esperem a turbulência passar.

Isto pode sim demorar vários meses afinal, depois de 5 anos de subida ininterrupta é natural que haja uma reavaliação, um rearranjo econômico para absorver as novas premissas. Estamos em um ótimo momento para fazer aquilo que os mais experientes fazem com total convicção em momentos como este: sentar e esperar, e tendo recursos disponíveis, investir em boas empresas.

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