Como se fosse surpresa para alguém que a Zoomp está ruim das pernas há meses. Alguém deve ter ganhado uma bela comissão por este negócio.
Zoomp causa perdas para fundos de crédito privado
Luciana Monteiro, de São Paulo (16/02/2009)
A BNY Mellon Serviços Financeiros, administradora do fundo Global Capital Crédito Privado, resolveu provisionar para perdas todas as aplicações que a carteira tem em papéis da marca de roupasZoomp. O fundo tem em seu portfólio Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) - uma espécie de nota promissória emitida por empresários e empresas em troca de empréstimos. A mesma medida foi tomada pelo Citibank, administrador do Infraprev Global Capital Green Crédito Privado, um fundo destinado ao Instituto Infraero de Seguridade Social.
No dia 6, a grife de jeanswear teve a falência decretada pela 5ª Vara Cível de Barueri a pedido da Allen Comércio e Serviços de Informática. Isso fez a Mellon reavaliar essas CCBs a zero, trazendo perdas para o fundo, que foi fechado para aplicações. No dia 12, entretanto, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu um liminar para a Global Capital, que atua como administradora da Zoomp. Apesar disso, a Mellon manteve a provisão de perdas.
Com cerca de R$ 1,6 bilhão sob gestão, a Global Capital é voltada para o gerenciamento de fundos de investimento lastreados em títulos de crédito privado. O fundo com CCBs da Zoomp é destinado somente a investidores qualificados - aqueles com pelo menos R$ 300 mil em aplicações. Aproximadamente um quarto do patrimônio de R$ 106 milhões do fundo (cerca de R$ 26,5 milhões) estavam investidos em CCBs da grife, diz Julius Buchenrode, diretor de gestão da Global Capital. Em 2006, a gestora fez um aporte de R$ 32 milhões na Zoomp e adquiriu o direito de administrar a empresa caso a grife não tivesse resultados positivos, o que ocorreu em abril do ano passado.
A BNY Mellon vai agora aguardar informações da Justiça e da Zoomp para avaliar se reduz a provisão dos papéis, explica Alberto Elias, diretor executivo da administradora. A Mellon tem um comitê de crédito somente para cuidar desses casos. "A empresa vai querer mostrar para os credores que tem condições de honrar os compromissos, o que nos permitirá tomar uma decisão, que pode ser reduzir a provisão totalmente ou apenas em parte, talvez num espaço curto de tempo", diz.
Elias explica que o fechamento do fundo para aplicações foi para evitar que novos investidores tirassem proveito no caso de a provisão ser reduzida, o que daria um ganho grande e rápido nas cotas. Ele observa também que quem sacar perde o direito a receber os valores que venham a ser recuperados no futuro. Isso pode mudar caso o fundo sofra uma cisão. "Pode ser feita no futuro uma separação dos ativos, com a nova carteira recebendo apenas o papel da Zoomp, e o cotista que sair fica com cotas desse outro fundo", diz. (Colaborou Angelo Pavini)
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